Novo estudo da UFRGS revela usos inovadores para a o “pinhão falhado”

2015-04-10_190211

Doutoranda em Desenvolvimento Rural na UFRGS,  estudou o uso das escamas estéreis, conhecidas como “falhas”, da pinha da Araucária  nos parreirais

 

 Camila Vieira-da-Silva, doutoranda em Desenvolvimento Rural na UFRGS, lançou uma nova luz sobre o papel potencial das escamas estéreis, conhecidas como “falhas”, da pinha da Araucária, uma espécie vegetal atualmente ameaçada de extinção. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar o que os agricultores fazem com estas “falhas”, tradicionalmente consideradas refugo.

Baseando-se em 21 entrevistas semi-estruturadas com agricultores em São Francisco de Paula, RS, e Painel, SC, Vieira-da-Silva descobriu que muitos desses produtores utilizam as “falhas” como cobertura morta em suas plantações para evitar o uso de herbicidas, praticando assim uma agricultura mais sustentável. Além disso, as “falhas” estão sendo comercializadas para proprietários de parreirais que desejam evitar o uso de pesticidas em suas vinhas.

O estudo também abordou a transformação destas escamas em compósitos particulados e moldados através de processo de compressão, evidenciando seu potencial para aplicação em diversos produtos. Os resultados obtidos indicaram as características visuais granulométricas das escamas e as características de moldagem do compósito formulado.

Vieira-da-Silva aponta que, respeitando a sazonalidade da oferta da semente e melhorando sua cadeia extrativista, é possível direcionar os resíduos vegetais da pinha da Araucária ao desenvolvimento de produtos que estejam associados às características culturais e da região de origem da espécie. Este uso inovador contribui para o campo de estudo, pesquisas e iniciativas que visam a manutenção e conservação das florestas com Araucárias ainda existentes no sul do Brasil.

Este novo e ecologicamente sustentável uso para as “falhas” da pinha da Araucária mostra que, com pesquisa e inovação, até mesmo um subproduto frequentemente descartado pode ser transformado em um recurso valioso para a agricultura ecológica. A utilização desses resíduos pode ser um exemplo de sustentabilidade para outros segmentos da agricultura, beneficiando a economia local e auxiliando na conservação das Florestas com Araucárias.