Nova variante da dengue aumenta chance de casos graves

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A nova variante do vírus é mais transmissível e perigosa.

Não bastasse o Rio Grande do Sul estar com o maior número de casos e óbitos registrados por dengue em um ano em 2022, uma nova variante da doença, até então inédita, foi detectada no Brasil.

Trata-se do chamado “genótipo cosmopolita” do sorotipo 2 (DENV-2), um dos quatro já em circulação no país, e o mais disseminado no mundo. Um caso foi confirmado no último mês de fevereiro em um paciente de 57 anos da cidade de Aparecida de Goiânia (GO), e, embora não tenha chegado ao RS, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), tem potencial para colocar o Estado em alerta.

Ainda não há muitas informações a respeito desta variante, mas é possível afirmar que ela é mais transmissível. A chance de a doença evoluir para uma forma mais grave é maior. A nova variante foi detectada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO).

“Por ser um genótipo associado à maior transmissibilidade, um maior número de pessoas pode se infectar ao mesmo tempo, e, portanto, há maior necessidade de atendimento médico e hospitalar”, diz Julio Croda, também infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).

Conforme a Fiocruz, o micro-organismo é semelhante ao detectado durante um surto em uma província peruana em 2019, e estaria relacionado a outro anterior em Bangladesh. Sua chegada preocupa, pois há possibilidade de a mesma se disseminar de forma mais eficiente do que a linhagem mais prevalente no Brasil, a asiática-americana. “Mundialmente, ele é muito mais distribuído e causa mais casos do que o asiático-americano”, diz o coordenador da pesquisa, Luiz Carlos Júnior Alcantara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

O Ministério da Saúde está de olho na situação epidemiológica relacionada às arboviroses urbanas, como são denominadas a dengue, zika e chikungunya. Nesta semana, a pasta implantou uma Sala de Situação para monitorar o avanço das doenças em tempo real. A partir das informações coletadas, será elaborado um plano de ação, com orientações para gestores e técnicos tomarem decisões estratégicas. O ministério também divulgará boletins informativos periódicos.

Os cuidados de prevenção seguem sendo os mesmos em relação à nova cepa, e que a vigilância é permanente. Neste sentido, evitar água limpa parada, limpar recipientes expostos e armazená-los tampados ou com a boca para baixo e manter a calha desobstruída, entre outros cuidados, ainda são fundamentais.