Notas de final de ano: reflexões profissionais de um ano intenso e diferente

2015-04-10_190211
Aline Rodrigues Personal Trainner (CREF 024163) Especialista em Atividade Física, Saúde e Quiropraxia │ Mestre em Ciência do Movimento Humano

Por mais que eu tente me convencer que não , o final e ano mexe muito com as pessoas . Coloca a todos em um estado reflexivo , crítico, nostálgico , triste mas otimista . Nessa época a gente avalia tudo que fez e não só nesse ano que passou mas o que viemos fazendo pessoalmente e profissionalmente durante nossa caminhada . Certo dia ouvi um elogio de que minha profissão é linda e que deve ser bom poder cuidar das pessoas pra que elas vivam melhor . Nossa , e como é bom , mas é árduo . Na maioria das vezes não tenho muito respaldo da área médica , tenho pouca credibilidade do próprios alunos e pacientes .
Entro em batalhas contra as cirurgias desnecessárias e são raras as vezes que ganho . Esse ano todo passei por um período de “ crise existencial “ profissional . Quem sou eu no mercado de trabalho ? Como devo me anunciar ? Como devem me chamar ? Tenho alunos ou pacientes ? Sou uma educadora física quiropraxista ou uma quiropraxista educadora física ? Tenho tantas especializações, mestrado , formações mas quem sou eu afinal?
Perdi noites de sono tentando entender que lugar afinal eu ocupava . Até que percebi ( e o final do ano costuma ser muito bom para essas percepções ) que não importava a nomenclatura , que não importava de que forma eu iria me apresentar ao olhos da sociedade .
Tenho longos 10 anos de experiência e a cada ano me propus a experienciar uma área de conhecimento que permitiu crescer como profissional em direção a uma linha que é só minha . Um método que é só meu . E hoje tenho o maior orgulho de tudo que construí .
Costumo ser questionada do porque não dou aula na universidade , porque fiz mestrado e não fiz doutorado . Na verdade nunca tive essa resposta muito concreta , o certo é que o mundo acadêmico me decepcionou muito e a soberba e o ego dos nosso grandes pesquisadores é algo que realmente não almejo . Infelizmente a academia se distanciou muito do mundo real e minha decisão por continuar nele falou mais alto . Minha formação foi de fato calcada na pesquisa e bebi em fontes riquíssimas de conhecimento não posso negar .
Mas também presenciei fatos e acontecimentos que me fizeram perder a crença nos meus grandes mestres . A preocupação infundada em aumentar o número de publicações e produções acadêmicas afim de inflar o próprio ego ultrapassa os limites da formação . A graduação em grandes centros de referencia é totalmente colocada de lado e os estudantes são atirados mercado de trabalho o qual acaba sendo o formador real desses profissionais . Eu renunciei a isso , fiz minha escolha.
Aquela coisa filosófica de guardar a dor no bolso pra cuidar da dor do outro não é só filosofia não. Pra mim tem sido realidade possível e a mais gratificante de todas as realidades . Ainda há caminho pra percorrer . Talvez a reflexão do final do ano que vem seja diferente .
Talvez a universidade mude , quem sabe a busca por um Lattes maior não seja o único objetivo e formar bons profissionais Ainda seja de fato importante .
Enfim , que a galera que vem aí se fortaleça e entenda essa condição da universidade como “ quem sabe “ transitória mas muito distante da realidade do mercado de trabalho . A ideia hoje era refletir e dividir um pouco das angústias de final de ano , otimismo de um ano novo melhor e a certeza de temos sempre uma nova chance pela frente . Um feliz natal a todos é um 2018 cheio de novas oportunidades . Que assim seja !