Engenheiro e professor da USP, Roberto Kochen palestra dia 9 de novembro, em Bento Gonçalves
Ao abordar a carência de investimentos em infraestrutura no Brasil em sua participação no IV Congresso Estadual da AEARV, o engenheiro civil e professor da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Kochen quer mostrar como isso é problemático para a nação: “nenhum país se desenvolve sem infraestrutura adequada, e esta foi severamente negligenciada no Brasil nas últimas décadas”.
Para ele, esse é um dos principais desafios da categoria. A quase falência dos governos municipal, estadual e federal, que sempre foram o investidor predominante no setor, acabou por minguar os recursos aplicados em infraestrutura. Uma das saídas, aponta, é recorrer ao setor privado, através de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) para, além de criar empregos, trazer desenvolvimento para o país. “No início do século 20, quando a Light, empresa anglo-canadense, investiu e proveu sistemas de energia, transportes e saneamento no Rio de Janeiro e em São Paulo, cidades que na época enfrentavam carência exacerbada de infraestrutura, puderam se desenvolver rapidamente”, lembra Kochen.
O também diretor técnico da GeoCompany, empresa paulista especializada em obras subterrâneas, geotecnia e meio ambiente, atuou como professor visitante na Universidade de Toronto, no Canadá, no início dos anos 1990. No Exterior, ainda, trabalhou em grandiosas obras, como o metrô de Londres, o sistema de esgotamento sanitário de Abu Dhabi, uma das hidrelétricas do Rio Niágara e o Túnel do Canal da Mancha. Rememorando essa época, diz que a engenharia brasileira se equiparava à de países desenvolvidos há 25 anos, mas hoje vê questões jurídicas atrapalhando a criatividade dos brasileiros. “Hoje há uma ênfase excessiva em aspectos formais e jurídicos de qualquer empreendimento, e qualquer alteração de projeto é interpretada pelo Judiciário com uma porta aberta para ilícitos e corrupção. Espero que volte a valer o princípio da boa fé nos empreendimentos de engenharia para que os nossos engenheiros possam novamente exercer sua criatividade e competência, já demonstrada em empreendimentos como Itaipu e metrôs de RJ e SP”, comenta.
Para o doutor em Engenharia Civil, o trabalho de engenheiros e arquitetos são complementares e, por isso, devem estar conectados entre si. “E também com as demandas da sociedade, para suprir o Brasil de infraestruturas adequadas e funcionais, aumentando a eficiência de nossa economia como um todo”, opina Kochen que, mais recentemente, trabalhou na interligação das Bacias do Rio Paraíba do Sul com o Sistema Cantareira, com 14 km de adutoras e 6 km de túneis, evitando o ressurgimento da crise hídrica no Estado de São Paulo.