Músicas agitadas podem aumentar efeitos de exercícios físicos, diz estudo

2015-04-10_190211
og:image

Ouvir músicas agitadas durante a prática de atividades físicas pode reduzir a percepção do esforço envolvido e aumentar os benefícios da atividade, mostra pesquisa italiana. O efeito é maior em treinos de resistência, como a caminhada em um dia normal de funcionamento de uma academia, é provável que a maioria dos frequentadores esteja usando fones de ouvido, já que grande parte das pessoas usa trilhas sonoras para praticar exercícios. Esse hábito foi alvo de estudo de pesquisadores norte-americanos. Em um experimento científico, eles constataram que ouvir canções com ritmo mais acelerado pode reduzir o esforço percebido envolvido na atividade física e aumentar seus benefícios. Os dados foram divulgados recentemente, na revista especializada Frontiers in Psychology. Os autores do estudo explicam, no artigo, que pesquisas anteriores investigaram se esse costume gerava benefícios ao organismo e descobriram algumas informações valiosas. “Por exemplo, a música pode ajudar o ouvinte a se distrair da fadiga e do desconforto e aumentar a participação no exercício”, ilustra Luca P. Ardigò, pesquisador da Universidade de Verona, na Itália, e participante do estudo atual. Mesmo com essas informações, Ardigò ressalta que a forma como os indivíduos experimentam a música é algo difícil de ser compreendido, já que é um sistema altamente subjetivo, com influência de fatores culturais e preferências pessoais. “A música é multifacetada, com vários aspectos, como ritmo, letra e melodia, contribuindo para a experiência”, completa o cientista.

Os pesquisadores se propuseram a investigar o efeito de uma trilha musical em um grupo de voluntárias enquanto elas realizavam exercícios de resistência (caminhada em esteira) ou exercícios de alta intensidade (leg press, um aparelho que exige maior esforço físico). Uma parte do grupo completou os dois tipos de sessões de exercícios em silêncio e outra, ouvindo músicas pop, de ritmos distintos. Os cientistas também realizaram uma série de perguntas relacionadas à atividade física, como o esforço necessário para concluir os exercícios, e coletaram dados clínicos das participantes, como a frequência cardíaca — quanto maior a frequência, mais benéfica a atividade para a aptidão física. “Descobrimos que ouvir música com um ritmo acelerado resultou em maior frequência cardíaca e menor esforço percebido, em comparação a não ouvir música”, resume Ardigò. “Isso significa que, para o voluntário, o exercício pareceu gerar menos esforço, mas foi mais benéfico em termos de melhoria da aptidão física.” Esses efeitos foram mais visíveis em voluntárias que completaram as sessões de exercícios de resistência, em comparação com o grupo de alta intensidade. Os pesquisadores esperam que os resultados forneçam uma maneira simples de melhorar os níveis de atividade física. “O estudo atual envolve um pequeno grupo de pessoas. Serão necessários estudos maiores para continuar explorando as nuances de como a música afeta nosso treinamento”, diz Ardigò.

Incentivo
Marcela Abreu Rodrigues, psicóloga e professora da Universidade Paulista (Unip), de Brasília, acredita que os dados podem ser valiosos para a área de educação física. “As variáveis ambientais podem ajudar na adesão das pessoas para realizar atividade física, e a pesquisa mostra uma dessas variáveis, a música. Esses dados relacionados a ouvir canções durante os exercícios podem servir de incentivo, pois um dos maiores problemas que temos na área médica é fazer com que as pessoas se exercitem regularmente”, explica. A psicóloga também destaca o uso de um parâmetro de análise extremamente valioso escolhido pelos cientistas. “O nosso batimento cardíaco ajuda a mostrar como estamos nos saindo na atividade. Pensando na batida do coração, faz muito sentido os dados obtidos, já que músicas aceleradas seguem em sintonia com esse movimento cardíaco”, diz. “Vemos isso também no cotidiano. Eu, por exemplo, pratico crossfit, não animo de fazer a aula quando toca pagode. Não tem nada a ver com o gosto pela música, mas sinto que ela não combina com as atividades que eu preciso fazer”, exemplifica.