Levantamento com 800 escolas mostra que valor será reajustado, em média, em 9,4%, pressionando o orçamento das famílias
É pressão extra no orçamento das famílias, que tinham sentido algum alívio neste ano, em razão da perda de fôlego da inflação, em particular no preço dos alimentos. O cálculo da consultoria para estimar o reajuste escolar tem como base a consulta a 800 escolas de educação infantil e ensino fundamental e médio de todo o país.
Além disso, leva em conta necessidade de investimentos, reajustes salariais dos professores e de outros funcionários, dívidas e outros custos.
— Hoje, 70% das escolas e instituições de ensino têm um nível acentuado de endividamento. E mesmo esse reajuste acima da inflação não será suficiente para pagar as dívidas que elas fizeram com os bancos para manter as operações durante a pandemia e o período de isolamento social, em que houve fechamento das instituições e aplicação de ensino remoto.
O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV-Ibre, André Braz, diz que os reajustes costumam vir acima da inflação média e configuram aumento real para o consumidor.
— O índice vai orientar as correções nas escolas e configura um aumento real, seguindo o padrão dos últimos anos. Com muitas escolas enxugando custos e com salas mais vazias, o aluno que permanece acaba pagando pelo aluno que saiu, para que a escola possa manter sua qualidade de ensino. As instituições sofreram evasão grande na pandemia e isso tem que ser levado em conta — diz Braz.
Segundo dados do IBGE, em 2020, os cursos regulares tiveram alta de 1,13%, com descontos aplicados na pandemia. Em 2021, a alta foi de 2,64%. No ano passado, o aumento foi de 7,48%.
Entre os fatores que afetam as contas das escolas estão o reajuste salarial de professores, auxiliares de ensino, além do dissídio e a convenção coletiva dos profissionais de educação. Além de investimentos em tecnologia e aluguel, taxas e impostos.