Médicos e nutricionistas começam a estudar a relação entre o intestino e as emoções

2015-04-10_190211

 O intestino é realmente um “segundo cérebro”. Um corpo só funciona 100% com um intestino bem cuidado para evitar diversos transtornos, como de humor e de déficit de atenção

Ansiedade, tristeza, raiva, nervosismo. Quem já não sentiu algumas ou todas essas sensações? Do chá de camomila até um ansiolítico, todo mundo já tentou algum recurso para melhorar o clima. O que pouca gente sabe é que a origem desses problemas pode estar no intestino. A ciência vem estudando a conexão do cérebro com o aparelho digestivo e alguns médicos já apostam na ligação direta entre a microbiota e o bem-estar psíquico. É nesse momento que entram em cena os “psicobióticos”, palavrinha ainda não usada oficialmente, mas que se refere a alguns tipos de probióticos (bactérias do bem) que podem influenciar no sistema nervoso central.

Em sua rotina, a psicóloga e nutricionista Thais Araújo, famosa por suas modulações intestinais e uma defensora de que um corpo só funciona 100% com um intestino bem cuidado, percebe as conexões. “Os psicobióticos são probióticos que têm a função “de produzir neurotransmissores, como serotonina, dopamina e GABA. Isso acaba tendo efeito nas emoções e no comportamento. Estudos clínicos randomizados já mostram a influência deles em distúrbios de ansiedade, depressão e humor”, explica Thais. “Já tive pacientes que não saíam do quarto voltando a ter uma rotina mais saudável e relatos de humor mais estável e animado depois de uma regulação intestinal”, completa a nutricionista.

Para o médico endocrinologista Theo Webert, o intestino é realmente um “segundo cérebro”. Ele percebe que quando o órgão está inflamado pode ocorrer diversos transtornos, como de humor e de déficit de atenção. “Essa conexão tem sido um importante ponto de pesquisa para os cientistas. Os benefícios dos probióticos parecem incluir uma redução nos sintomas de depressão”, destaca.

Para o psiquiatra e Presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro, Marcos Gebara, ainda “faltam estudos para se cravar que os probióticos atenuam ou agravam os transtornos mentais. “A conexão entre o cérebro e o aparelho digestivo existe, claro. Os probióticos podem melhorar as doenças gastrointestinais e a imunidade, mas é cedo para dizer que podem atuar em transtornos mentais”, declara Gebara.

Anote aí

Lactobacillus Casei:

Auxilia no tratamento de infecções intestinais, diarreia, constipação, melhora o sistema imune e anti-inflamatório, além de atuar na digestão, redução de estresse e qualidade do sono.

Lactobacillus Helveticus:

Melhora o sistema imune, diarreia associada ao uso de antibióticos, contribui para o controle da hipertensão arterial, estresse, ansiedade, depressão.

Lactobacillus Plantarum:

Atua na síndrome do intestino irritável, diarreia e constipação crônica, melhora o sistema imune, asma e rinite, reduz o peso corporal, estresse e depressão.

Bifidobacterium Infantis:

Melhora os sistemas imune e anti-inflamatório, a síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais, constipação, estresse e depressão.

Bifidobacterium Longum:

Combate a diarreia, a intolerância à lactose, a constipação e colite, doença de Crohn, síndrome do intestino irritável, melhora o sistema imune, alergias alimentares e respiratórias, estresse, depressão e sono.