Mais da metade dos pacientes com sepse vai a óbito nas UTIs do Brasil

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Blood infected with parasites - 3D composition

Anualmente, mais de 230 mil pessoas morrem nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) de todo o País por sepse. A condição é responsável pela morte de 55,7% dos pacientes internados por conta da infecção generalizada, e é mais comum do que os óbitos causados por acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.
Os dados são do levantamento publicado na revista Lancet Infection Diseases, feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Latino Americano de Sepse, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que avaliou pacientes com sepse atendidos em UTIs particulares e públicas do Brasil.
A taxa de mortalidade chamou atenção, já que essa é uma manifestação letal, mas que pode ser prevenida facilmente, seja por vacina ou estratégias básicas de controle de infecção hospitalar. Além disso, quando identificada precocemente, a maioria dos casos da doença são considerados “simples” de tratar, com a ajuda de antibióticos e assistência hospitalar adequada.
A sepse pode ser definida como uma resposta sistêmica do organismo a alguma infecção provocada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Quando isso acontece, o sistema de defesa do corpo passa a atacar esse agente, atingindo o próprio organismo, e prejudicando diversos órgãos.
As infecções podem ter origem comunitária , que representa 40% dos casos, causada por pneumonias e infecções do trato urinário, ou hospitalar , que corresponde a 60% dos casos, desenvolvida a partir de alguma infecção hospitalar, originária de procedimentos cirúrgicos, intubação, uso de cateter ou até mesmo ventilação mecânica.

Fatores
Há vários motivos que podem justificar os altos índices da condição nas UTIs do Brasil, conforme aponta a análise. Entre eles, a falta de acesso a essas unidades, a demora para dar o diagnóstico, a longa espera por parte do paciente antes de procurar ajuda médica, o tratamento inadequado, os problemas de processo e a escassez de recursos podem ser algumas das causas.
De acordo com os autores do levantamento – que avaliou 15% de todas as UTIs brasileiras – a baixa disponibilidade de leitos nas UTIs faz com que os pacientes que vão para essa área dos hospitais estejam sempre em estado grave, o que aumenta a taxa de infecção e letalidade.