Liga de Combate ao Câncer acolhe pacientes afetados pelos transtornos da tragédia climática

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Esforços da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves estão sendo feitos para que pessoas de outras localidades possam seguir com tratamentos

A tragédia climática enfrentada pelo Rio Grande do Sul trouxe inúmeras perdas e desafios para a população gaúcha. Mas é em momentos como este que a solidariedade deve se mostrar ainda mais presente e reforçar a importância de manifestar apoio a quem mais necessita. Carregado desse propósito, o Centro Assistencial Andressa Zietolie da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves abre as portas para amparar, também, pessoas de alguma forma afetadas pelas consequências da calamidade pública no estado.

A sede da entidade tem acolhido pacientes em tratamento contra o câncer na cidade vindos de outros municípios da região, que viram a situação logística de deslocamento até Bento Gonçalves ficar praticamente inviável após os danos e bloqueios nas estradas estaduais.

São casos como o do casal Antônio Segalotto, de 74 anos, e Síria Maria Segalotto, de 73, que dependem desse suporte para continuar com o tratamento. Moradores de Paraí, viram a viagem que antes da tragédia era feita em cerca de 90 km dobrar de extensão, para aproximadamente 180 km por conta dos desvios. A distância inviabilizava o deslocamento diário para o tratamento de radio e quimioterapia de Síria, que trata um nódulo no intestino grosso. “Ficamos cerca de cinco semanas em tratamento, e já ocupávamos a estrutura da Liga para hospedagem. Porém, na semana das enchentes tivemos que retornar para nossa cidade, por conta do feriado, e não conseguimos mais voltar à Bento após isso. Fiquei vários dias sem realizar o tratamento, até que conseguimos liberação em um dos trechos da estrada e retornamos para completar o ciclo oncológico. Encontramos na Liga novamente este acolhimento. Só temos a agradecer”, conta Dona Síria.

Outro caso semelhante é o de José Luiz Albara, de 70 anos. Ele faz tratamento para um tumor cerebral há cerca de um mês e, nesse período, fazia diariamente o deslocamento de ida e volta até Nova Bassano, onde mora com a esposa Geni e a filha Jurinéia. “Recebemos o diagnóstico em outubro de 2023 e, desde então, viemos gradativamente nos deslocando até Bento para consultas e tratamentos. Por conta dos bloqueios nas estradas, se torna inviável esse deslocamento até lá todos os dias. Foi então que ficamos sabendo da Liga e buscamos apoio para ficarmos hospedados até conseguirmos concluir o tratamento, que deve levar mais uma semana. Se não fosse o acolhimento da Liga, não tenho nem ideia de como poderíamos lidar com essa situação”, relata a filha.

Já o aposentado Élio Nunes da Silva, de 79 anos, precisou buscar o apoio da entidade por conta da inviabilidade de percorrer os quase 200 km diários até Guaporé, onde reside com a filha Geneci, que o acompanha durante o tratamento de um câncer no reto. “Iniciamos o tratamento recentemente e temos ainda mais cinco semanas pela frente. Não temos a menor condição de fazer o deslocamento diário até nossa cidade, pois é desgastante e perigoso. Graças a Deus encontramos abrigo aqui na Liga, da melhor forma possível”, agradece a filha.

Sensível a estes casos, a Liga flexibilizou a estrutura da Casa de Apoio para que possa abrigar as famílias também aos finais de semana, pois normalmente o funcionamento se dá apenas de segunda à sexta. Além disso, o Centro Assistencial acolhe enfermeiras que atuam no Hospital Tacchini e que não conseguem se deslocar para suas cidades de origem por conta dos transtornos nas estradas. “O propósito da Liga de Combate ao Câncer sempre foi acolher e amparar quem mais necessita. Está em nossa essência exercer a solidariedade e estender a mão às pessoas que buscam o nosso auxílio. Em um momento tão difícil como este que estamos passando, não seria diferente. Estamos de coração e portas abertas para receber e acolher essas pessoas”, enfatiza a presidente da entidade, Maria Lúcia Severa.

O Centro Assistencial Andressa Zietolie da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves conta com estrutura de 930 metros quadrados, capaz de acomodar confortavelmente até 14 pessoas em tratamento, com seus acompanhantes. Além dos dormitórios, há área de lazer, refeitório, salas para consultas – médicas e psicológicas – além de banheiros com equipamentos de acessibilidade, lavanderia, elevador e rampa para facilitar o acesso de pacientes a todas instalações da casa. O local fica na Rua Rami