O agrotóxico é uma ferramenta de trabalho comum na agricultura, mas esses produtos podem ser perigosos e muitas vezes são usados de maneira errada. De 2007 a 2017, data do último levantamento oficial, foram notificados cerca de 40 mil casos de intoxicação aguda por causa deles. Quase 1.900 pessoas morreram.
Segundo maior produtor de grãos do país, o Paraná, é o estado com o maior número de casos relatados – e também o que tem o sistema mais eficiente de notificações.
Muitas comunidades paranaenses estão se organizando para tentar se livrar dos efeitos dos venenos agrícolas. Em alguns casos, ele chega pelo ar.
Luiziana tornou-se um dos primeiros municípios do Paraná a fazer valer uma lei que impõe regras para o uso de agrotóxicos ao redor da cidade.
A regra entrou em vigor no final de 2017 e determina que os agricultores que quiserem produzir perto de cidades terão que implantar o sistema de “cortinas verdes” (trata-se de duas fileiras de árvores, uma arbórea e uma arbustiva, para o controle do agrotóxico).
O agricultor até pode produzir nesta área, desde que não use veneno.
Fazer a barreira é opcional, mas, sem ela, é proibido usar agrotóxico numa faixa de 100 metros da cidade.
Na safra 2017/ 2018 o país produziu cerca de 228 milhões de toneladas de grãos. E consumiu quase 500 mil toneladas de agrotóxicos em 2017, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para a Andef – entidade formada pelas indústrias que desenvolvem e fabricam agrotóxicos –, o uso desses produtos no país é eficiente. “Se a gente olha por tonelada de produto extraída da área onde foi aplicado, o Brasil é o 13º. A gente deixa para trás países como os Estados Unidos, Canadá, países europeus como a Inglaterra, Alemanha, a própria França. Isso mostra eficiência na utilização dessa tecnologia aqui.”
Os dados da Andef mostram que, em média, o Brasil gasta menos de R$ 35 para produzir uma tonelada de alimentos. Os EUA gastam R$ 44. E no Japão, primeiro colocado neste ranking, o valor é de R$ 372.
Segundo Zuben, atualmente não seria possível eliminar o agrotóxico do processo de produção. “Nós traríamos uma crise mundial de alimentos. De fome”, avalia.
No ano de 2017, o mercado de agrotóxicos movimentou mais de R$ 33 bilhões no Brasil. Os campeões de venda são os herbicidas, usados principalmente na cultura da soja. Em seguida, vêm fungicidas e inseticidas.
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