Até início deste ano, atendimento médico era realizado em três turnos para cada distrito
Após quase três meses sem atendimento médico em distritos do interior de Bento Gonçalves, o secretário da saúde, Diogo Siqueira confirmou o retorno do atendimento médico em localidades de São Pedro, São Valentin, 15 da Graciema, Tuiuty e Faria Lemos. O atendimento, no entanto, será uma vez por semana em cada localidade. Apenas um profissional atuará, de maneira escalonada, ao longo da semana, nesses locais.
A equipe de reportagem da Gazeta entrou em contato com moradores de algumas localidades que ficaram por quase três meses sem atendimento médico. Entre jovens e idosos, a opinião converge. “Precisaria médicos pelo menos duas vezes por semana. Além disso, durante todo esse tempo quando precisávamos tínhamos que ir até a cidade. Muita gente que precisava de um atendimento tinha que ir até um pronto socorro”, lembra a aposentada Maria Rossato Reginato, de 72 anos.
O estudante Augusto Petroli, de 17 anos, é incisivo ao comentar sobre a falta de profissionais no interior. “É complicado para as pessoas que moram no distrito. Não é sempre que tem ônibus, aí complica bastante. Acho também que teríamos que ter médicos pelo menos duas vezes por semana”, comenta. Petroli desabafou ainda sobre o atual governo municipal.
“Eles falam em conter gastos, mas não enxergam o problema. Não deveriam cortar os gastos na saúde”.
Uma outra moradora de Faria Lemos também acredita que o atendimento médico deveria ser expandido para duas ou três vezes por semana, conforme ela mesmo diz. “Quando fomos para a cidade para realizar um atendimento nos obrigávamos a pegar um ônibus. Agora pelo menos vamos ter um médico, mas o ideal seria dois atendimentos por semana”, opina.
Adriana Tansine, 40 anos, também moradora de Faria Lemos, não esconde a decepção com a falta de profissionais. “Está muito difícil e eu sempre precisei do posto aqui de Faria Lemos. Nesse tempo sem médicos chegamos a ir quatro vezes até a cidade”, diz.
As criticas ao atendimento médico limitado é compartilhado também por uma moradora do Vale Aurora, que lembra de como funcionava o atendimento meses atrás. “É horrível ficar sem médicos. Pela importância dessa comunidade gente, precisaríamos de médicos até três vezes por semana. Antigamente tínhamos médicos durante toda terça-feira e também um turno da sexta”, lembra.
A moradora cita um outro problema criticado por pessoas da localidade: a falta de ônibus. Segundo informações dela, os horários são escassos, prejudicando quem depende exclusivamente do transporte público para realizar consultas. “Tem pessoas com diabetes ou crianças tinham que ir até São Roque. E são poucos horários de ônibus durante o dia”, critica.
O principal temor da moradora é que aconteça uma superlotação, já que haverá apenas um atendimento por semana em cada localidade. “São muitas pessoas e poucas fichas. É complicado até para quem tem plano. Durante esse tempo sem médico tive que pagar 230 reais de uma consulta particular, pelo fato de não ter médico”, lamenta.
Funcionários terceirizados
A greve dos médicos do início do ano aconteceu por atraso no pagamentos aos profissionais. A prefeitura atrasou o pagamento à Fundação Araucária, empresa responsável pela contração da maior parte da mão de obra da rede pública de saúde no município. Com o pagamento normalizado, a greve foi encerrada.
Conforme o secretário, o município está em um processo de reestruturação da saúde. O objetivo é, sistematicamente, substituir os profissionais da saúde terceirizados por concursados. Ainda segundo o secretário, desde janeiro foram chamados 30 servidores. Desses, seis são médicos.
A prefeitura também lançará editais separados para cada profissional de saúde.