Instabilidade se desloca para o oceano, mas volta!

2015-04-10_190211

Ciclone ganha força à medida que se distancia do continente. MetSul reforça mais uma vez que a chuva, e não vento, é maior risco meteorológico nas próximas horas

Ciclone extratropical se formará na costa do Sul do Brasil nas primeiras horas deste sábado, tal como vem se prognosticado desde o começo da semana. Não se trata de um sistema profundo e modelos numéricos projetam sua pressão mínima central ao redor de 1.007 hPa, o que não configura um ciclone intenso. Assim como a MetSul Meteorologia vem informando insistentemente e reiteradamente, não se deve esperar uma repetição do evento do ciclone de junho porque as características agora são muito distintas e os impactos muito menores para a população, seja por volumes de chuva mais baixos – apesar de altos – ou vento muito intenso. As diferenças não passam apenas pela intensidade do fenômeno. Os impactos são menores em especial pela trajetória deste ciclone. Desta vez, o centro de baixa pressão segue o seu caminho normal de Oeste para Leste e vai dar origem a um ciclone organizado mais distante da costa gaúcha e de menor intensidade que no último mês. Em junho, ao contrário, este processo se deu enquanto o sistema se aproximava da costa, em trajetória incomum e inversa à de agora. O ciclone do mês passado avançou do mar em direção ao continente e ficou por muitas horas rente à costa no Litoral Norte antes de distanciar para Leste, o que não vai ocorrer agora. Quando o campo de vento do ciclone começar a adquirir maior extensão e intensidade sobre o Oceano Atlântico neste sábado, o sistema já vai estar em processo de afastamento da área continental. Como estará mais distante e como é menos intenso, o resultado será menos vento que em junho. Em Porto Alegre, na região metropolitana e nos vales o vento médio deve ficar entre 40 km/h e 60 km/h na maioria dos pontos em parte deste sábado. No Litoral Norte gaúcho, em média, entre 60 km/h e 70 km/h. No Litoral Sul de Santa Catarina até o Sul da ilha em Florianópolis, o vento também se intensifica neste sábado com rajadas em média de 50 km/h a 70 km/h, mas superiores em alguns pontos. Pode ventar mais forte na região do Farol de Santa Marta, em Laguna, onde comumente já venta mais. Salientamos que o vento não é uniforme e em alguns pontos, por construções ou topografia do terreno que geram efeitos muito locais, rajadas mais fortes podem ocorrer. Mesmo sem vento mais intenso, com a chuva e o solo instável, podem ocorrer quedas de árvores. Observa nos mapas abaixo da Earth como será a dinâmica deste sistema meteorológico até o final do sábado. Inicialmente, o primeiro mapa mostra o campo de vento em superfície no final desta sexta-feira. Note como não se observa nenhuma espiral de vento em sentido horário, portanto não há ciclone extratropical algum organizado e meramente uma área de baixa pressão, gerando chuva forte.

Na manhã do sábado, a área de baixa pressão já vai estar sobre o mar, a Leste de Torres e do Sul de Santa Catarina. Por isso, o vento se intensifica em Porto Alegre e no Litoral Norte do Rio Grande do Sul por poucas horas na primeira metade deste sábado. Na sequência, o campo de vento alcança o litoral catarinense entre Passo de Torres e Florianópolis.

No final do sábado, o campo de vento do sistema já será maior e mais intenso, entretanto o ciclone já estará distante da costa para produzir efeitos maiores. Ao contrário, a instabilidade vai estar cedendo e em parte do território gaúcho o tempo já estará melhorando com avanço de ar mais seco.

A chuva e não vento é maior risco meteorológico nas próximas horas. A área de baixa pressão que dará origem ao ciclone no mar estará sobre o Nordeste gaúcho no final desta sexta e nas primeiras horas do sábado, gerando chuva por vezes forte a torrencial com elevados volumes em uma área que compreende principalmente a Grande Porto Alegre, os vales, o setor mais Sul da Serra e parte do Litoral Norte. Os volumes em diversas cidades devem ficar entre 50 mm e 100 mm com acumulados em alguns locais de 100 mm a 150 mm. Estes volumes previstos em alguns locais de 100 mm a 150 mm significam que em poucas horas alguns municípios devem ter quase ou senão a média histórica de chuva de julho inteiro, que já é alta. O mapa abaixo mostra a última projeção de chuva acumulada do modelo de alta resolução WRF da MetSul Meteorologia para o Sul do Brasil em 48 horas, até 9h do domingo. Observe que os acumulados em alguns pontos, de acordo com o modelo, podem passar dos 100 mm, como na Grande Porto Alegre, Vale do Rio Pardo e Litoral Norte.

O tempo melhora e o sol aparece no domingo no Rio Grande do Sul sob ar mais seco e a influência de um centro de alta pressão de 1.020 hPa sobre o Atlântico a Sudeste do estado. O dia começa um pouco frio na maioria das localidades com mínimas de 11ºC a 13ºC na Grande Porto Alegre, mas nos Aparados pode fazer 3ºC a 5ºC em algumas localidades. A tarde será bastante agradável com máximas de 22ºC a 23ºC, por exemplo, em Porto Alegre.