Inicia colheita da safra de qualidade

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Mesmo com a previsão de colher 158 mil quilos de uvas menos que na última safra por causa da incidência do granizo em outubro, o engenheiro agrônomo da Emater Regional, Enio Todeschini, acredita que esta safra será de boa qualidade

Para o coordenador da área de frutas e hortaliças da Emater regional, engenheiro agrônomo Enio Todeschini a safra de uvas 2018/2019 será aproximadamente 20% menor que a anterior.
Todeschini esclarece que os dados da Emater se baseiam somente em vinhedos comerciais (sem contar as uvas de mesa as uvas colhidas para vinificação para consumo próprio e as negociações entre produtores), independentemente do propósito, diferentemente dos dados coletados do Ibravin que só contabiliza as uvas entregues nas indústrias, mediante nota fiscal. Por tanto, pode haver diferença nos números da safra divulgados.
Segundo o engenheiro agrônomo, a queda nos números da colheita tem ligação direta com a incidência do granizo que atingiu 12 municípios no último dia 31 de outubro. Nesta faixa de quase 100 quilômetros, que compreendeu os municípios de Monte Belo do Sul, a Monte Alegre dos Campos (próximo a cidade de vacaria)
Mas, como teve sinistro no dia 31 de outubro, que atingiu 120 km em linha reta, abrangendo 12 municípios (de Monte Belo do Sul a Monte Alegre Campos, próximo a Vacaria) causando prejuízo em 17 mil hectares de fruticultura, Todeschini avalia que 20% da produção de uvas foi perdida.
“Estávamos prevendo uma safra de 790 mil toneladas, mas depois do granizo, avaliamos os danos e estamos prevendo uma colheita de 632 mil toneladas de uvas: uma perda de 158 mil quilos de uvas” revela o engenheiro agrônomo da Emater.
“Estes números são preliminares, pois estamos contando que não aconteçam mais fortes intempéries que possam causar mais estragos nos parreirais. Estamos a menos de 20 dias do início da colheita das uvas comerciais. Contamos com o bom tempo e muito sol para contribuir com o alto grau de açúcar na fruta”, avalia Todeschini que lembra que os agricultores devem continuar os tratamentos nas áreas afetadas para manter a sanidade da videira, mesmo sem produção de uvas, para não comprometer a safra 2019/2020.
Para esta colheita Todeschini acredita que, apesar de menor – em relação à safra anterior – a qualidade será excepcional, pois o inverno foi propício, com boas horas de frio ininterruptas, que favoreceu o desenvolvimento da planta, sem a quebra da dormência. “As 382 horas de frio, foram suficientes, pois não houve nenhum pico de calor para promover a quebra da dormência da videira, e também não houve episódio de frio intenso, tudo isto resultou numa safra dentro do esperado para o agricultor. ”

 

O problema deriva do herbicida 2,4-D pode afetar a serra gaúcha?

A região da campanha – uma das regiões mais promissoras de produção de uvas – está sob alerta depois da constatação de contaminação por “deriva” do herbicida conhecido como 2,4-D largamente usado e na lavoura de soja. Com estimativas de perdas da próxima safra de até 40%, a região da campanha já está contabilizando prejuízos, que em algumas propriedades superam a R$1 milhão.
Segundo o Pesquisador Chefe da Embrapa Uva e Vinho, a serra gaúcha não corre nenhum risco, pois não há lavouras de soja na região. “Nós estamos numa região de mata atlântica, que não é viável economicamente o cultivo de soja, por dificuldade de mecanização. Então é muito difícil algum agricultor estar fazendo o uso deste herbicida por aqui. Mas, nas regiões de cultivo de soja, é largamente usado e sempre há contaminação na área vizinha, já que o produto te uma composição química particular que leva à deriva (quando o composto químico se desloca lateralmente), esclarece o Chefe da Embrapa Uva e Vinho, Pesquisador Mauro Zanuz.

 

Números da safra 2018

Festejada pelos vitivinicultores como uma das melhores safras de uva da década em termos de qualidade, a colheita 2018 contabilizou o ingresso de 663,2 milhões de quilos da fruta nas vinícolas gaúchas. O volume, considerado dentro da normalidade histórica, é 12% menor que a vindima de 2017. Do total, 597.699.541 foram de uvas americanas e híbridas e 65.540.421 de Vitis viniferas. Em 2018, 113 variedades de uva foram colhidas em 129 municípios do Rio Grande do Sul, com processamento realizado em 64 cidades do Estado. Assim como nos últimos seis anos, 50% da produção foi destinada à elaboração de suco.
Flores da Cunha foi cidade que mais produziu uvas para processamento. Já Bento Gonçalves teve o maior volume de vinificação. Abaixo, o o ranking dos 10 municípios que mais produziram e os outros 10 que mais processaram na safra 2018 (todos eles são da Serra Gaúcha):

Dados da safra de uva para processamento 2018
Total processado: 663.239.961 quilos de uva
– Uvas americanas e híbridas: 597.699.541 (90%)
– Vitis viniferas: 65.540.421 (10%)

Destino das uvas
– Vinhos e derivados: 50%
– Sucos e derivados: 50%

Vinícolas ativas no Rio Grande do Sul: 682
Vinícolas que processaram uvas em 2018: 410

Total de municípios que produziram uvas para processamento: 129
Total de municípios que processaram uva: 64

Principais cultivares americanas e híbridas: Isabel (216.376.954 quilos), Bordô (158.499.677 quilos) e Niágara branca (43.018.822 quilos)
Principais cultivares Vitis vinifera: Moscato branco (11.170.250 quilos), Merlot (6.201.038 quilos) e Chardonnay (6.052.520 quilos)