Indústria questiona estudo sobre álcool em pães de forma; autor defende análise

2015-04-10_190211

Um recente estudo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou a presença de teor alcoólico acima do esperado em algumas marcas populares de pão de forma no Brasil. Em resposta, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) contestou o estudo, apontando falhas e inconsistências.

Intitulado “Tem álcool no seu pão de forma”, o estudo da Proteste analisou dez marcas e concluiu que seis delas ultrapassaram 0,5% de teor alcoólico, o que, se fossem bebidas, as classificaria como alcoólicas pela legislação. O alto teor de agentes conservantes antimofo seria a causa.

A Abimapi questionou essa informação, argumentando que a Proteste comparou seus resultados com valores descritos em legislações de bebidas alcoólicas, sem estabelecer uma relação adequada entre o álcool presente em alimentos e o das bebidas alcoólicas. Além disso, a associação criticou a comparação dos resultados com o teste de bafômetro, feita por uma simples regra de três, considerada inadequada.

A Abimapi também apontou que a pesquisa foi assinada por um profissional sem número de registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e que não mencionou a data da primeira análise ou a validade dos produtos utilizados, dificultando a verificação dos resultados. A associação alegou ainda que não teve oportunidade de avaliar contraprovas, pois os lotes já estavam vencidos na publicação.

Em sua defesa, a Proteste informou que o teste foi realizado por um laboratório acreditado no Inmetro e no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e conduzido por um responsável técnico, utilizando a metodologia de “cromatografia a gás” com detecção no headspace (gás volatizado) da quantidade de etanol na amostra. A Proteste encaminhou todos os laudos para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que medidas legais e administrativas sejam adotadas.

A Proteste afirmou que a nota de discordância da Abimapi é legítima, mas destacou que a associação também deveria se preocupar com os resultados dos testes. A entidade reiterou que, ao divulgar os resultados, está exercendo o direito constitucional à informação e que qualquer tentativa de impedir essa divulgação deve ser vista como censura.