Indicadores do Enem salientam diferenças entre escolas públicas e privadas

2015-04-10_190211

Das 60 notas máximas na redação, apenas 6% são de alunos que cursaram o Ensino Médio em escola pública

A divulgação dos resultados e indicadores do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) dá luz às diferenças tanto de acesso quanto de desempenho entre estudantes de escolas públicas e privadas. Das 60 notas máximas na redação, apenas 4 (pouco mais de 6%) foram feitas por alunos da rede pública. Em relação à participação, quase metade dos alunos de 3º ano (49,2%) não realizou a prova, mas o número é ainda maior no recorte das escolas públicas, onde 53,3% dos matriculados na rede não participaram.

Os dados traduzem que é preciso melhorar a educação ofertada aos estudantes da rede pública, avalia a professora Catarina de Almeida Santos, integrante do Comitê pelo Direito à Educação. “Isso significa melhorar as condições de vida dos estudantes para eles poderem se dedicar ao estudo, melhorar a infraestrutura das escolas, mudar o nosso Ensino Médio.”

Segundo a especialista, o atual modelo traz prejuízos aos estudantes das escolas públicas que precisam, neste momento, de qualidade na formação geral básica antes de imersarem em um itinerário focado em conhecimento científico. “Se nós não melhorarmos o processo, ou seja, garantir condições de ensino e aprendizagem para esses estudantes, os resultados vão continuar ruins”, completa Santos.

O relatório de aprendizagem mais recente elaborado pelo Todos Pela Educação, organização da sociedade civil focada em melhorar a Educação Básica no Brasil, revela as desigualdades entre estudantes do último ano do ensino básico de escolas públicas e privadas. Enquanto 74,6% dos alunos da rede privada tinham nível de aprendizado considerado adequado em Língua Portuguesa, na rede pública o índice cai para 31%. Em Matemática, a diferença é de 41,3% para 5,2%, respectivamente.