Imunidade à covid-19 pode ser perdida em meses, sugere estudo britânico

2015-04-10_190211

Um estudo recente da Universidade King´s College reforça suspeita já levantada por cientistas: a imunidade que as pessoas desenvolvem após contrair a covid-19 tem vida curta. Os cientistas analisaram a resposta do corpo ao vírus em 90 pacientes e profissionais da área de saúde até 94 dias depois da infecção e verificaram que os anticorpos criados pelo sistema imunológico podem ser reduzidos a ponto de a pessoa perder sua imunidade em meses, assim como acontece com um resfriado comum. “As vacinas em desenvolvimento deverão ou gerar proteção mais forte e duradoura contra infecções naturais ou ser administradas regularmente”, acrescentou o médico, que não participou do estudo. “Se a infecção fornece níveis de anticorpos que diminuem em dois a três meses, a vacina potencialmente fará a mesma coisa e uma única injeção poderá não ser suficiente”, declarou a Dra. Katie Doores, principal autora do estudo, ao jornal Guardian.

A reação do corpo pode variar de pessoa para pessoa: enquanto 60% dos indivíduos estudados mostraram uma resposta forte dos anticorpos no auge da doença, mas só 17% mantiveram a mesma potência depois de três meses.  Em alguns casos, os anticorpos se tornaram indetectáveis. O resultado do estudo foi publicado para a comunidade cientifica, mas ainda é preliminar. Se a tendência for confirmada, na prática, pode significar mais um desafio para o desenvolvimento de uma vacina. Os especialistas temem que, se a defesa do organismo vai sumindo em três meses após o pico da doença, a vacina possa ter o mesmo efeito.
Pode ir contra também a chamada “imunidade do rebanho”, teoria segundo a qual o efeito de proteção que apareceria numa realidade onde grande parte da população se vacinou ou adquiriu anticorpos naturais contra um vírus seria capaz de controlar a doença.

O estudo do King’s College é o primeiro a monitorar os níveis de anticorpos em pacientes e trabalhadores de hospitais por três meses após o surgimento dos sintomas. “Mesmo que você não tenha anticorpos circulantes detectáveis, isso não significa necessariamente que você não tem imunidade protetora, porque provavelmente possui células de memória imune que podem rapidamente entrar em ação para iniciar uma nova resposta imunológica se ficar exposto ao vírus novamente, para que você possa ter uma infecção mais leve”, afirma o professor de imunologia viral Mala Maini, consultor da University College de Londres. Até que mais informações sejam aprendidas, “mesmo aqueles com um teste de anticorpos positivo – especialmente aqueles que não sabem onde foram expostos – devem continuar a ter cautela, distanciamento social e uso de uma máscara apropriada”, alerta James Gill, professor honorário da Warwick Medical School.