IBGE divulga que negros são maioria nas universidades, mas têm renda 74% inferior

2015-04-10_190211

Mesmo com o percentual de alunos negros (50,3%) sendo superior ao de brancos (48,2%) nas universidades públicas, eles ainda estão sendo sub -representados, já que a parcela negra e parda equivale a 55,8% da população brasileira

Uma pesquisa divulgada pelo IBGE na última semana demonstrou que o número de estudantes negros nas universidades públicas, pela primeira vez passou o número de brancos.
A pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” verificou que no ano de 2018, os estudantes que se declaram pretos e pardos representam mais de 1,14 milhão, já os brancos, são responsáveis pela ocupação de 1,05 milhão de vagas nas instituições de ensino públicas, sejam elas federais, estaduais ou municipais. Em percentuais, isso representa respectivamente 50,3% e 48,2% dos alunos matriculados na rede pública de ensino, que somados são 2,19 milhões.

Para o IBGE, as regras estabelecidas desde 2016 pelo Ministério da Educação, que instituiu através da Lei Federal de Cotas, a destinação de 50% das vagas disponíveis no Sistema de Seleção Unificada, deveriam ser reservadas para atender os critérios de renda, cor ou raça, colaboraram para o avanço desses números. De acordo com a analista do IBGE, Luanda Botelho, “temos uma trajetória de melhora. É resultado de um processo, da universalização do ensino fundamental, correção do fluxo escolar, adequação na série correta, redução do atraso, redução do abandono, somando com as políticas de acesso ao ensino superior, temos esse resultado final, completa”. Segundo outros dados aferidos na pesquisa, o número de negros nas universidades particulares também aumentou, em decorrência dos programas como Fies e Prouni. Em 2016, a parcela de negros representada nas instituições de ensino privadas era de 43,2%, já em 2018, o número representa 46,6%, equivalente a 2,93 milhões de estudantes.

Sub-representação 
Mesmo após ter sido identificado com a pesquisa que mais da metade dos estudantes de ensino superior público são negros, a população preta ou parda permanece sub-representada já que são 55,8% da população brasileira.

Brancos têm renda superior
Mesmo com a maioria negra nas universidades, a pesquisa demonstra uma discrepância em relação aos salários. Os trabalhadores brancos têm renda 74% superior em relação aos pretos e pardos, sendo a diferença salarial por cor ou raça superior à verificada entre homens e mulheres. De acordo com a análise feita pelo IBGE, a população preta e perda figura como protagonistas nos piores indicadores de: cargos, salários, moradia, escolaridade e acesso a bens e serviços.

Renda mensal
A pesquisa demonstrou que os trabalhadores brancos, têm uma renda mensal média de R$ 2.796, já os pretos e pardos de R$ 1.608, o que significa dizer que a renda média dos brancos é 42,5% maior. Mesmo após a formação superior, os pretos e pardos com igual grau de instrução da população branca, ganham por hora, 45% a menos. Na análise dos dados, o IBGE apontou: ”tal diferença relativa corresponde a um padrão que se repete, ano a ano, na série histórica disponível”. Os cargos de gerencia são ocupados predominantemente pelos brancos, apenas 29,9% por pretos e pardos, além do percentual de desempregados ser maior entre eles (14,1%) do que entre os brancos (9,5%).