Homens também podem desenvolver sintomas da depressão pós-parto, revela pesquisa norte-americana

2015-04-10_190211
Pesquisadores norte-americanos coletaram dados de mais de 5 mil famílias para observar os sintomas aparentes desse tipo de depressão, que podem incluir desde ansiedade e irritabilidade a desânimo e mudanças de humor

Pesquisadores coletaram dados de mais de 5 mil famílias para observar os sintomas aparentes desse tipo de depressão, que podem incluir desde ansiedade e irritabilidade a desânimo e mudanças de humor

 

A tristeza paterna, que dá as caras logo depois que o bebê nasce, tem nome e sigla. Trata-se da depressão pós-parto, ou DPP, como preferem chamar os especialistas. Muita gente não sabe, mas essa vilã, que acomete 15 em cada 100 mulheres, também tira o sono dos homens. Pior: ela manda embora a disposição, o apetite, o prazer e a alegria de ser pai.
Uma pesquisa da Academia Americana de Pediatria coletou dados de mais de 5 mil famílias para observar os sintomas aparentes desse tipo de depressão, que podem incluir desde ansiedade e irritabilidade a desânimo e mudanças de humor. Eles notaram que 14% das mulheres e 10% dos homens apresentavam algum indício de DPP, e concluíram que a doença é um problema significativo para ambos.
Mas há um problema: em geral, os homens não são considerados como potenciais portadores de DPP. Um estudo sueco feito com cerca de 450 pais, por exemplo, revelou que a escala usada para diagnosticar homens com depressão pós-parto era menos precisa que a utilizada para as mulheres. As antigas tradições na estrutura familiar podem ter contribuído para que hoje, não existam referências para problemas de saúde mental dos pais após o nascimento dos filhos.
Como combater esse problema? Para a psicóloga Sara Rosenquist, é importante que os pais, assim como as mães, busquem o tratamento adequado caso comecem a apresentar os sintomas da DPP. “Os pais precisam ser vistos como os parceiros que são, e o sistema familiar deve ser avaliado e tratado sempre que houver um recém-nascido vindo para casa”, disse ela, durante uma convenção da Associação Americana de Psicologia.
Algumas iniciativas têm dado os primeiros passos para romper essa barreira. No Reino Unido, o grupo de apoio Fathers Reaching Out se propõe a criar campanhas para ajudar pais que sofrem de DPP e para dar visibilidade para a questão. Em novembro de 2017, a organização foi até o parlamento britânico pedir que novos pais passem por exames psicológicos para diagnosticar a doença.

Inexperiência
A DPP é mais comum entre os pais de primeira viagem ou que não estavam preparados a chegada de um bebê. “As mudanças trazidas pela paternidade têm um impacto maior para esses homens”, observa Florence Kerr-Corrêia, professora de psiquiatria. Assim, os especialistas aconselham que os candidatos a papai acompanhem, ao lado da mulher, cada etapa da gravidez. “É na rotina de exames do pré-natal, nas conversas com médicos e outros pais que eles, sem perceber, vão se preparar para o que vem pela frente”, lembra.
Há ainda o caso de homens que sofrem do problema depois que as mulheres apresentam a depressão pós-parto. Mas, calma lá, não é a melancolia delas que contagia o companheiro. “Acontece que, de uma hora para outra, ele passa a ser cobrado ainda mais, porque precisa cuidar da mulher que passa por uma situação delicada. Sem contar o bebê, que passa a exigir atenção redobrada”, conta Marco Antônio Brasil, chefe do serviço de psicologia e psiquiatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro. Essa sobrecarga, segundo o especialista, leva a um efeito dominó pra lá de negativo, que pode culminar na depressão.

Como tratar
Para os homens com DPP, vale a mesma orientação dada às mulheres: conversar com um especialista ao perceber os sintomas. O tratamento depende do grau do problema e pode incluir ou não o uso de medicamentos. Nem sempre o diagnóstico, no entanto, será depressão. “Às vezes, pode ser uma tristeza passageira ou a sensação de que ele foi deixado de lado pela mulher, que é só cuidados com o recém-nascido”, diz Florence. Nesse caso, o recomendado é abrir o jogo com a companheira e, depois, arregaçar as mangas – trocar fraldas, dar banho, brincar com o bebê. Em outras palavras, curtir, de coração aberto, a grande aventura de ser pai e dar um “xô!” na melancolia.

Sinais nos homens
Os sinais de depressão nos homens quase nunca estão associados com o típico quadro de tristeza. Os homens ficam deprimidos de uma maneira muito diferente das mulheres. Geralmente, o humor do homem deprimido não é abatido, justamente o contrário. Ele fica evidenciado por meio da irritabilidade e agressividade.
Os especialistas afirmam que a paternidade significa a realização de um esforço físico e mental que gera efeitos psicológicos notáveis. O que vivenciam é uma congestão emocional. Os sinais podem ser os seguintes.

Ansiedade
A ansiedade é comum na gravidez e no pós-parto, representa uma manifestação clara de que estamos emocionalmente alterados. Muitas das mudanças que ocorreram prometem ser permanentes, ou seja, estamos longe de voltar à normalidade. Além disso, os especialistas garantem que o que mais preocupa os homens é não poder lidar com as necessidades do bebê.
O pais se estressam muito com a evolução da criança, que esteja bem e saudável. Assim como causa ansiedade a possibilidade de acabar sendo trocado pelo filho.

Mudanças drásticas de humor
Se o pai dos nossos filhos é mal-humorado por natureza, talvez piore muito durante essa etapa. A depressão pós-parto nos homens se manifesta por meio de um comportamento desconcertante. Se o humor variar drasticamente, o mais provável é que ele esteja se colocando na defensiva. Talvez com o seu mau humor ele afaste os medos que o reprimem, ao mesmo tempo que tenta evitar perguntas e dificuldades.

Agressividade
Da mesma forma que as mudanças de humor, a agressividade pode funcionar como um escudo nesses casos. No entanto, ele não está fingindo. Realmente se torna agressivo porque foi afetado a nível psicológico e por isso sua mente está mudando seu comportamento.
Ao mesmo tempo, a ameaça de serem trocados permite que se tornem agressivos por algo que pensam que acontecerá mais cedo ou mais tarde. Os primeiros dias de vida do bebê demandam muita atenção, e se convertem em prioridade para a mãe. Portanto, sua agressividade de certa forma pode ser justificada.

Desmotivação e apatia
Os sintomas mencionados anteriormente surgem porque o homem está respondendo às mudanças que ocorreram na sua vida. No entanto, o fato de não saber como ajudar sua companheira pode provocar apatia. Eles não conhecem muito bem os detalhes do organismo feminino, por esse motivo sentem que sua presença é um pouco inútil.
Outras mulheres, como amigas ou familiares, se encarregam de ajudar a mãe, por isso aos poucos o homem vai ficando de lado. Como consequência, ele se afasta conscientemente, o que eventualmente o desmotiva.
Os sinais podem ser claramente perceptíveis, mas se não conhecermos suas causas podemos errar na nossa interpretação. Sabe-se que é difícil lidar com alguém agressivo/mal-humorado, por isso deixamos aqui a nossa contribuição para enfrentar essa situação. A paciência, a compreensão e o amor andam de mãos dadas com a solução da maioria dos problemas. Sendo essa também a solução para a depressão pós-parto dos homens.

 

Os especialistas afirmam que a paternidade significa a realização de um esforço físico e mental que gera efeitos psicológicos notáveis. O que vivenciam é uma congestão emocional
Os homens ficam deprimidos de uma maneira muito diferente das mulheres. Geralmente, o humor do homem deprimido não é abatido, justamente o contrário. Ele fica evidenciado por meio da irritabilidade e agressividade
Um dos motivos da depressão pós-parto masculina é em virtude da preocupação que o homem sente com o filho