Homens com ensino superior completo recebem 34,6% a mais do que mulheres com igual instrução

2015-04-10_190211

O estudo produzido com foco no Rio Grande do Sul, foi divulgado pelo Departamento de Economia e Estatística – DEE, que é vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão – Seplag

O Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), divulgou nesta quarta-feira (30) o Boletim de Trabalho, que dentre as principais conclusões, identificou maior escolaridade da força de trabalho e redução na diferença do que é pago para homens e mulheres com o mesmo grau de instrução no Estado.
O estudo apontou além do recuo na desigualdade em termos de renda, um importante avanço no mercado por profissionais de ambos os sexos com formação superior.
A primeira edição do Boletim visa avaliar a forma como o período de baixo ritmo de crescimento econômico e de recessão da economia (entre 2014 e 2016), seguido do processo de lenta recuperação, impactou na força de trabalho nos diferentes níveis de escolaridade.
O documento foi produzido com foco no Rio Grande do Sul a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

Maior grau de instrução
Em análise ao 2º trimestre de 2012 e o 2º trimestre de 2019, o Boletim demonstrou um aumento no peso relativo dos segmentos mais escolarizados em ambos os sexos na composição da força de trabalho (FT).
As mulheres com Ensino Superior completo tiveram avanço no total da força de trabalho de 17,4% para 23,2%. Entre os homens, a expansão passou de 8,9% para 14,4% do total.
Dentre o período analisado, o segmento com Ensino Médio completo era o mais representativo da força de trabalho, tanto entre homens que representavam 30,8% do total, como entre mulheres, representando 32,1%.
Os dados apontam um avanço na comparação com o 2º trimestre de 2012, quando a população com Ensino Fundamental incompleto era a que tinha maior peso.
Quanto ao nível de instrução da população ocupada (mercado formal ou informal), em sete anos também houve aumento dos segmentos mais escolarizados. Entre as mulheres, o peso do subgrupo com Ensino Superior completo avançou de 17,8% no 2º trimestre de 2012 para 24,8% no 2º trimestre de 2019. No caso de homens, passou de 9,1% para 15%.

Ensino Médio incompleto tem a menor diferença
O Boletim indica uma redução na desigualdade de rendimentos recebidos por homens e mulheres, mas com percentuais ainda altos. A maior diferença está justamente nos níveis mais altos de escolaridade.
Homens com Ensino Superior completo recebiam, no 2º trimestre de 2019, 34,6% mais do que as mulheres com o mesmo grau de instrução. O percentual é menor do que o registrado no 2º trimestre de 2012, mas está maior do que a mínima histórica, registrada no 2º trimestre de 2015, quando a diferença chegou a 30,5%.
O estudo aponta que a menor diferença nos rendimentos se encontra no segmento com Ensino Médio incompleto, onde homens ganham 17% a mais do que as mulheres com o mesmo grau de instrução. O percentual aponta queda quando comparado com o início da série em 2012, quando a diferença era de 29,8%.
No segmento com Ensino Médio, o mais representativo entre a população ocupada, as mulheres recebem 25,2% a menos do que os homens, também abaixo do registrado no 2º trimestre de 2012, quando a diferença era de 33,6%.
A coordenadora da Divisão de Pesquisa Econômica Aplicada do DEE, Daiane Menezes, afirma que “a redução na diferença dos rendimentos entre homens e mulheres é uma constatação positiva, mas os dados apontam um percentual ainda alto de desigualdade, que devem ser analisados com atenção para a elaboração de ações para atacar este problema”.

Trabalho formal e instrução
Levando em conta o período avaliado  na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), entre 2006 e 2018, é possível identificar que em 2006 o percentual de empregados formais no Rio Grande do Sul que não havia completado o Ensino Fundamental era de 22,7%,  caindo para 11,7% em 2018.
Entre a população com Ensino Superior completo, o percentual subiu de 14,1% para 21,1%.
O perfil da força de trabalho se diferenciou entre os setores econômicos. Em 2018, a agropecuária concentrava 41,2% dos seus trabalhadores sem Ensino Fundamental completo, percentual muito acima do segundo colocado no ranking, a construção civil, que conta com 23% dos empregados formais com este nível de instrução.
No último ano, os setores de comércio e serviços concentraram os maiores percentuais de trabalhadores com Ensino Médio completo, 64,4% e 52,1% respectivamente, número que demonstram uma alta em comparação a 2006, quando a população com este grau de instrução concentrava 48,9% e 40,0% dos trabalhadores formais.
A administração pública é o destaque entre os homens e mulheres com Ensino Superior, concentrando em 2018, 58,2% dos trabalhadores com esta instrução, ante 31,1% do registrado em 2006.
De acordo com os dados fornecidos pelo Caged, no que se refere à geração total de empregos, entre outubro de 2018 e setembro de 2019, o Rio Grande do Sul registrou a criação de 15.563 vagas, com destaque para o setor de serviços e comércio, cujo grau de instrução dos trabalhadores contratados é predominantemente o Ensino Médio completo.