Homens e mulheres ‘deveriam’ se dedicar o mesmo número de horas nas tarefas domésticas, já que as mulheres estão o mesmo tempo no mercado de trabalho. Por que os homens são beneficiados?
Há mais homens se dedicando às tarefas domésticas no país do que havia no passado. Ainda assim, eles ainda participam menos que as mulheres e, quando o fazem, dedicam bem menos horas que elas – um fenômeno que também se observa no tempo voltado ao cuidado com crianças, idosos, enfermos ou pessoas com deficiência. É o que revela os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2022, que busca investigar formas de trabalho distintas da ocupação remunerada.
Em 2019, antes da pandemia, as mulheres dedicavam em média 21,6 horas semanais para os afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas. Entre os homens, a média era de 11 horas por semana – uma diferença de 10,6 horas a mais. Em 2022, essa diferença caiu para 9,6 horas.
Apesar da redução, são as mulheres que mais sentem o peso das tarefas domésticas e do cuidado com outras pessoas. Elas dedicam, em média, 21,3 horas semanais para isso, enquanto os homens gastam pouco mais da metade desse tempo (11,7 horas semanais).
Segundo a pesquisa, 85,4% da população brasileira com mais de 14 anos realizou afazeres domésticos onde mora ou na casa dos pais em 2022. Em 2019, era 85,9%. A taxa de realização deste tipo de trabalho entre as mulheres foi de 91,3% (queda de 1,1 ponto percentual em relação a 2019), enquanto entre os homens foi de 79,2% – um aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao mesmo período.
Mulheres realizam mais as tarefas domésticas que os homens
Nove em cada dez mulheres em casa preparam e servem os alimentos, arrumam a mesa e lavam a louça, além de cuidarem da limpeza das roupas. Entre os homens, seis em cada dez se dedicam a essas atividades. A participação de mulheres também é superior a 70% quando se trata de limpar a casa, pagar contas, fazer compras ou pesquisar preços. A participação dos homens só supera 70% no caso da arrumação do lar e do pagamento das contas.
A participação feminina só beira um terço (32%) na parte de pequenos reparos e manutenção de eletrodomésticos e equipamentos, tarefa realizada por 60,2% dos homens.
Ainda segundo o IBGE , a realização das tarefas domésticas pelos homens só se equipara à observada entre as mulheres quando o homem vive sozinho. Quando ele mora junto com alguém ou é responsável pelo lar, a realização de afazeres domésticos pelos homens se reduz na maior parte das atividades. Para as mulheres, não há diferença se elas moram sozinhas ou concomitantes. A maior parte delas sempre realiza tarefas domésticas.
As mulheres que se declararam pretas, contudo, tiveram a maior taxa de realização de afazeres domésticos (92,7%). Essa taxa é superior não só frente à participação das mulheres brancas e pardas, como também em relação aos homens, sejam eles brancos, pretos ou pardos.
A realização das tarefas do lar pelos homens aumenta quando eles têm curso superior completo (86,2%), ao passo em que é inferior entre os sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (74,4%).
Cuidados de pessoas
O levantamento do IBGE também mostrou que a taxa de prestações de cuidado de pessoas caiu de 33,3% em 2019 para 29,3% em 2022, o equivalente a uma redução de 5,3 milhões de pessoas envolvidas nessa atividade não remunerada.
O percentual de mulheres (34,9%) que se dedicaram a cuidar de pessoas, porém, segue superior ao dos homens (23,3%).
As pessoas pretas (29,4%) e pardas (31%) perceberam mais esse tipo de cuidado do que as pessoas brancas (27,4%). Essa diferença foi ainda mais marcante entre as mulheres: enquanto 38% das mulheres pardas e 36,1% das pretas realizadas tais cuidados em 2022, a taxa de realização entre as brancas foi 31,5%.
Trabalho voluntário
O instituto também estimou que 7,3 milhões de brasileiros completaram trabalho voluntário em 2022. Este contingente corresponde a 4,2% da população com mais de 14 anos.