Fórum em Bento Gonçalves discute ideias e ações para acelerar desenvolvimento do país

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A realização do Fórum de Desenvolvimento que aconteceu na manha de sábado, 7, em Bento Gonçalves trouxe painelistas que mostraram ações em curso que estão modificando o panorama político e privado do país rumo à sua aceleração competitiva.

É um trabalho que, segundo os painelistas que se apresentaram no CIC, têm aproximado os setores público e privado em um entendimento conjunto para desburocratizar o Estado e promover o desenvolvimento.  O time de conferencistas foi escalado de modo a reunir expressivos gestores dos segmentos político e empresarial – reforçando o caráter associativo que precisa estar afinado entre os setores – em três painéis para tratar de turismo, desburocratização e empreendedorismo. Assim, empresários como o fundador do grupo CVC, Guilherme Paulus; o presidente da União Nacional de Conventions & Visitors Bureaus (CVBs), Toni Sando; e o CEO do Grupo Randon, Daniel Randon; dividiram o palco com o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo; e o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel. Para o anfitrião e presidente do CIC-BG, Rogério Capoani, o evento se configurou como um momento de grande oportunidade para, além e fomentar o empreendedorismo, identificar os caminhos para o maior desenvolvimento do Rio Grande do Sul e do Brasil. “Esse é um encontro que nos permite estreitar relações e ampliar nossa rede de contatos, criando e fortalecendo elos e parcerias. Ao sediar o Fórum o CIC-BG entrega aos talentos empresariais as ferramentas e os meios para que continuem trabalhando e gerando desenvolvimento para o Estado e para o país”, disse ele, enquanto mediou o debate entre Ernani Polo e Paulo Uebel. Ao presidente da Assembleia Legislativa, Capoani colocou a entidade representante da sociedade civil organizada em posição de apoio e diálogo, no intuito de levar aos demais componentes da assembleia legislativa os pleitos da região. “Não iremos de encontro a eles para criticar ou simplesmente cobrar. Queremos nos envolver e trabalhar, cada qual com sua função, a fim de somar esforços e fazer acontecer. Esse é o caminho para termos uma sociedade melhor e um desenvolvimento regional e estadual efetivos”, disse.

Turismo
O primeiro painel do dia, “Turismo como Motor do Desenvolvimento Social”, reuniu o case de Bento Gonçalves, principal polo do enoturismo brasileiro, e as ideias para ampliar os números do turismo no país, apresentadas pelo presidente da Unedestinos, Toni Sando. Entre 2012 e 2019, o crescimento no fluxo de turistas a Bento foi de 150% – saltando de 600 mil visitantes para 1,7 milhão – e o de eventos, de 43% – saindo de 1.074 para 1.533. Além disso, o município da Serra gaúcha foi considerado uma das quatro cidades mais admiradas do mundo pelo World Capital Institute e recebeu, ainda, a Cúpula de Chefes do Estado do Mercosul, em dezembro do ano passado. O turismo de experiência, muito desenvolvido na cidade pelas vinícolas, foi um dos três insights apresentados por Sando. Para ele, num mundo cada vez mais compartilhado e parecido por conta das aproximações tecnológicas e da globalização, hoje o turismo precisa ser alimentado de modo a oferecer experiências para o turista. “Uma vez a pergunta era par aonde você quer ir, hoje é o que você quer sentir”, opinou. Da mesma forma, a era do compartilhamento precisa ser tratada pelo trade turístico e pela sociedade para que a cidade seja divulgada de modo positivo, a partir de uma boa rede de infraestrutura turística, junto com o comércio e a indústria. O terceiro insight é integrar ações entre o trade e a comunidade para torná-la criativa. “A economia criativa só existe em cidades criativas. O grande desafio é tornar o viajante um visitante, temos que tirar proveito disso. Nós temos o entretenimento para lidar com nosso ócio, e o entretenimento se tornou essa indústria criativa que a gente tanto fala. O turismo é o negócio por trás do ócio”, comentou Sando.

Desburocratização
Os entraves e a burocracia que dificultam a inciativa privada no Brasil estão sendo combatidos de modo a oferecer mais dinamismo para a classe produtiva, como é o caso da Lei da Liberdade Econômica. Mas há outras frentes de atuação em curso, como ficou exposto no painel “Rio Grande do Sul e Brasil 2020, Desafios e Oportunidades”, conduzido pelo secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, e pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo. A mediação foi do presidente do CIC-BG, Rogério Capoani. Uebel disse que o Governo Federal tem trabalhado numa agenda de transformação do Estado para torná-lo mais enxuto e eficiente. Uma das atuações é a digitalização, iniciada em janeiro de 2019. O novo governo transformou mais de 570 serviços prestados de forma presencial para o formato digital, com expectativa de passar de mil até o final do ano. “Até o final de 2022, serão 100% dos serviços prestados dessa forma”, disse, enaltecendo, ainda, que estão em andamento a interligação de base de dados, a canalização de 1,5 mil sites envolvendo o governo em apenas um e o licenciamento 4.0, para que operações de baixo e médio risco não necessitem a intervenção do Estado para que sejam liberadas. Também houve corte de 21 mil cargos – “o maior da história”, disse Uebel – e o número de ministérios e investimento na qualificação do servidor, para gerar maior produtividade. “Assim, não precisa repor um servidor para cada aposentado”. Essa propensão para mudanças também se mostra presente na Assembleia Legislativa. “É um parlamento com visão reformista”, comentou o deputado Ernani Polo. Sua gestão está sendo exercida sob o comando da competitividade, com foco na desburocratização e na questão tributária, disse. Ainda neste ano deve ser colocado à votação um projeto para regrar processos administrativos e dar operacionalidade à Lei da Liberdade Econômica, baseado numa lei aprovada no Congresso em 1999. “O Rio Grande é um dos poucos que não têm essa lei aprovada em âmbito estadual. Um dos pontos é a inversão do ônus da prova. Quem tem que mostrar que o cidadão é culpado é o Estado, e não o cidadão ter que provar que é inocente”, disse Polo.

Empreendedorismo
Um dos empresários mais admirados do país, o fundador da CVC, Guilherme Paulus, ofereceu dicas para empreender com sucesso no terceiro e último painel do Fórum, “Os Caminhos para Empreender”, dividido com outro grande empresário, o CEO do Grupo Randon, Daniel Randon. Ao contar a história da maior agência de turismo da América Latina, fundada em 1972 e hoje responsável por conduzir mais de 4 milhões de turistas por seus passeios, Paulus disse que um dos segredos para empreender com sucesso é o trabalho. “Empreender é criar, 5% é inspiração e 95% é transpiração”, comentou, dizendo que é importante amar o seu negócio e ser otimista. “Confie em você e não tenha medo de arriscar, pessimismo não leva a nada”, continuou. Para ele, o turismo é a arte de encantar as pessoas, e as cidades precisam ser boas para quem nelas vivem. “É fundamental que se crie um imaginário sobre ela e divulgar isso para que as pessoas criem expectativa de viver aquela história”, ensinou. E disse que é emoção precisa estar presente nos negócios. “A emoção do ser humano será o melhor termômetro para se desenvolver um plano de marketing. O que não podemos perder é a criatividade de empreender”, aconselhou. Criatividade que, aliás, está bem presente no Grupo Randon. O investimento em inovação é um dos grandes pilares que movem as empresas do grupo, que estão conectadas a quase 40 startups. “Precisamos mudar o mindset para estarmos abertos a novas oportunidades, atuar em rede, com universidades, governo e sociedade, e sermos protagonistas. Precisamos perceber que as empresas são feitas de vários empreendedores”, avaliou. Randon também reforçou seu otimismo pelo Brasil e disse que a aproximação com o poder público é necessária para estabelecer parcerias. “Nós temos o Transforma RS, um hub colaborativo entre entidades com visão de união, de apoio e de aproximação com o Estado”, ressaltou.