Foi vítima de golpe do ‘Pix errado’? Saiba quando o seguro cobre a transação bancária

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Cobertura vale para transações financeiras indevidas realizadas por meio de algum tipo de ameaça

O novo golpe do Pix está preocupando clientes bancários Brasil afora. Meio de pagamento que tem ganhado destaque entre os brasileiros, o Pix virou alvo também de bandidos. Os golpes são muito nem sempre cobertos pelos seguros. Clientes devem ficar atento à apólice.

O golpe mais recente é o do “Pix errado“. Fraudadores enviam um Pix para a vítima e pedem a devolução (por telefone através das chaves Pix).

A pessoa devolve o valor em outra conta e o criminoso utiliza o Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado pelo próprio Banco Central, para conseguir a devolução. Conforme reportagem publicada semana passada pelo InfoMoney, especialistas avaliam como “inadmissível” esse formato prejudicar o consumidor inocente e analisam lacuna na troca de informação entre sistema financeiro e consumidor.

Muitos clientes que têm o seguro Pix acreditam que estão protegidos também nessas situações, mas especialistas alertam que essa não é uma verdade absoluta.

“Consumidores que contrataram um seguro Pix devem verificar se a apólice adquirida abrange esse tipo de golpe. Geralmente, muitas não incluem fraudes ou casos de engenharia social. Portanto, é crucial que os consumidores leiam atentamente suas apólices de seguro e verifiquem se estão cobertos contra esses riscos”, ensina Luã Cruz, coordenador do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec (Instituto de Defesa de Consumidores).

Carlos Eduardo Silva, membro da comissão de afinidades da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), alerta que golpe não tem cobertura de seguro.

O seguro Pix fornece proteção nas seguintes situações:

  • extorsão;
  • coação;
  • sequestro; e
  • grave ameaça.

“A cobertura vale para transações financeiras indevidas realizadas por meio de algum tipo de ameaça”, explica Silva ao comentar que nessas situações o seguro Pix que garante o reembolso ou devolução do valor transferido indevidamente limitado ao montante contratado pelo segurado. “Golpe não tem seguro”, reforça.

Se o cliente fornecer senha ou fizer uma transferência por espontânea vontade, ainda que seja um golpe, não terá cobertura.

“No Carnaval em São Paulo acontecia muito da pessoa passar o cartão e ambulante trocava. Nessa situação, não haverá cobertura, ainda que a pessoa tenha o seguro, porque foi uma desatenção”, exemplifica.

O especialista comenta que se for comprovado que o segurado agravou o risco, com desatenção ou qualquer outro tipo de situação, não terá cobertura.

Como se proteger

A orientação do Banco Central é que quando uma pessoa recebe um Pix por engano, ele deve fazer a devolução do valor recebido por meio do próprio sistema do banco.

Essa seria a primeira solução para evitar o prejuízo. A autoridade monetária acrescenta que no app de todos os bancos, há a opção de “devolução de dinheiro” e termos semelhantes para que a pessoa que recebeu um Pix por engano faça a devolução pelos canais oficiais. A funcionalidade está disponível até 90 dias após a transação recebida.

Ou seja, o usuário não deve fazer um novo Pix para enviar o dinheiro de volta, mas sim devolver o Pix diretamente por meio do sistema bancário. Dessa forma, cliente bancário avisa sua instituição financeira de relacionamento e impede que se faça uma nova devolução, caso requisitada pelo fraudador ao sistema MED do Banco Central.

O Idec considera que essa situação evidencia uma grande lacuna no conhecimento e na comunicação sobre o Mecanismo Especial de Devolução. “A responsabilidade pela existência dessa lacuna é compartilhada tanto pelas instituições financeiras quanto pelo Banco Central”, diz Cruz.

Nesse caso, a recomendação e segunda solução para a vítima evitar prejuízo é: ao receber algum valor inesperado peça para que a pessoa que enviou o Pix de maneira errada acione o MED por conta própria, sem realizar a devolução imediata. “É alarmante que, apesar dos benefícios que o Pix oferece, 9 em cada 10 brasileiros desconheçam a existência do MED ou como ele opera”, afirma.

Este mecanismo foi criado para auxiliar na recuperação de valores transferidos de maneira fraudulenta, e o primeiro passo para quem se percebe vítima de um golpe é contactar imediatamente seu banco, seja pelo aplicativo ou pelos canais oficiais, e acionar o MED.