Experiência de vida interfere na comunicação entre cães e humanos, diz estudo

2015-04-10_190211

A ação de olhar para o objeto ou alimento desejado, olhar para o tutor e voltar a olhar para o objeto, como forma de demonstrar o que queria.

Um estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) mostrou que diferentes experiências de vida podem alterar a maneira como os animais direcionam o olhar e se comunicam com os humanos para conseguir objetos impossíveis.
Ao comparar 60 cachorros de raças e idades variadas, a pesquisa concluiu que 95,7% daqueles que viviam dentro de casa usaram alternância de olhar pelo menos uma vez, enquanto os cães que vivem fora de casa se comunicavam com menor intensidade (80%). Já cachorros de abrigo, que têm pouco contato com humanos, interagem ainda menos, sendo 58,8%.
O estudo analisou a ação de olhar para o objeto ou alimento desejado, olhar para o tutor e voltar a olhar para o objeto, como forma de demonstrar o que queria, um tipo de comunicação muito comum entre o animal e o ser humano. Este é o primeiro experimento que avalia a diferença entre cães que convivem diariamente com humanos dentro de casa e animais que habitam apenas as áreas externas das residências e têm interação menos intensa com os tutores.“Nós que temos nossos pets observamos muito e, para nós, parece uma coisa muito óbvia que eles se comuniquem conosco pelo olhar, que eles entendam.
Mas, do ponto de vista científico, é uma coisa muito complexa, uma espécie entender os sinais comunicativos da outra, conseguir produzir sinais específicos para se comunicar conosco. Foi comparado os cães de estimação que vivem dentro de casa com aqueles que ficam em quintais e garagens, tendo menos contato com os tutores, e cães de uma organização não governamental (ONG) de resgate de cães. “A conclusão foi que os que vivem dentro de casa e têm estímulo constante com seus humanos, aprenderam que a troca de olhares é uma forma eficiente para conseguir o que querem. Os cães de quintal têm a mesma capacidade, mas não praticam como os outros.”
Os cães de abrigo têm a mesma capacidade, mas têm menos oportunidade de exercitar isso porque convivem com as pessoas só nos momentos de alimentação e limpeza.
. Além disso, métodos de treinamento positivos e não punitivos exercem mais estímulo para uma comunicação mais eficiente com seus tutores. A questão toda é a falta de estímulo, que faz com que eles usem menos esse comportamento, não porque não podem, mas porque não têm exercitado isso ao longo da vida. Mesmo assim, é interessante que os cães com menor estímulo mostrem o que podem fazer. Com um pouco de exposição, eles aprendem bem rápido.