Um estudo publicado no jornal científico JAMA Internal Medicine comprova porque um único passageiro contaminou 23 pessoas em uma viagem de ônibus, e não sabia que estava infectado com a covid-19 quando entrou no transporte público que fez uma viagem de 50 minutos para um evento budista.
Mapeados, as 68 pessoas do ônibus, 23 também ficaram doentes — até mesmo as que se sentaram a sete fileiras de distância. Segundo os cientistas, a única forma de diminuir a chance de contágio era ter se sentado perto das janelas abertas — mas nem isso poderia ser 100% eficaz.
Os pesquisadores também afirmam que o ar condicionado no ônibus pode ter ajudado a espalhar ainda mais o vírus por ter recirculado o ar dentro do veículo. “A investigação sugere que em ambientes fechados com recirculação de ar, o SARS-CoV-2 tem um patógeno altamente transmissível”, escreveram os pesquisadores.
Ar condicionado e janelas fechadas
O resultado da pesquisa confirma ainda mais que o contágio da covid-19 pode ocorrer por vias aéreas e que o uso de máscara pode impedir a contaminação. Em julho, após uma carta de cientistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu “evidências emergentes” de transmissão pelo ar do coronavírus.
Igreja
Esse não é o primeiro caso de um superespalhador a ser identificado no mundo. Em junho, uma beata sul-coreana foi à igreja, como de costume, tendo sintomas leves que achou se tratar de uma gripe comum. Quando chegou lá, todos os fiéis tiraram as máscaras de proteção para rezar. Ela estava infectada com a covid-19. E pode ter espalhado a doença para pelo menos 43 pessoas.
Coral
Em Washington, nos Estados Unidos, 61 participantes de um coral se reuniram, compartilharam lanches e organizaram as cadeiras juntos no fim do evento, sem nenhum tipo de proteção. Um dos cantores, no entanto, estava infectado e não apresentava nenhum sintoma. Depois da confraternização, 53 ficaram doentes, 3 foram hospitalizados e dois morreram por conta da covid-19.
Essas pessoas de contágio mais alto têm nome e definição. São os superspreaders (“superespalhadores” na tradução livre). Por fatores genéticos não identificados, se tornam mais contagiosas do que as outras e dessa forma podem contaminar um número maior de indivíduos.