Segundo o IBGE, durante a pandemia, a evasão escolar cresceu 171% na comparação com 2019
Após um aumento da evasão escolar durante a pandemia da Covid-19, 78% das escolas municipais fazem busca ativa para encontrar alunos que pararam de frequentar as aulas.
Os dados são de uma pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de crianças e adolescentes fora da escola aumentou 171% em 2021, na comparação com 2019. O órgão indica que 244 mil meninos e meninas de 6 a 14 anos não estavam matriculados no segundo trimestre de 2021.
O presidente da Undime, Luiz Miguel Martins Garcia, destacou a importância dos levantamentos produzidos durante a pandemia.
Segundo ele, o panorama descoberto foi um aumento de quatro milhões de crianças excluídas do processo educacional – seja por evasão ou por dificuldades nas aulas virtuais.
“Fomos percebendo que não sabíamos o cenário, quantos alunos estavam tendo acesso às plataformas digitais, então foi muito importante, durante a pandemia, esse caminho que as pesquisas nos deram. Mensuramos alunos que não recebiam atividade, aluno que não dava retorno das tarefas, e foi feita uma busca ativa em tempos de crise”, explica o presidente da entidade.
Além de todo o processo de monitoramento, a Undime conseguiu aumentar o número dos chamados articuladores, representantes que auxiliam na busca, reinserção e aprendizado dos alunos. De acordo com Luiz Miguel, agora a União possui um profissional por estado, trabalhando para evitar a evasão e dando suporte para incentivar a permanência do aluno no ambiente escolar.
“O que se espera é uma ação ainda mais forte, que retomemos todos os alunos que estão fora da escola. Muitos migram para o mercado de trabalho e a crise econômica gerada pela pandemia criou essa necessidade. Multiplicar esses articuladores é com o objetivo de minimizar e, quem sabe, zerar o número de alunos evadidos”, declarou.
Segundo a pesquisa, para 78% das secretarias municipais de Educação, a estratégia da busca ativa é o principal método para encontrar estudantes que não têm acompanhado as atividades escolares remotas, não retornaram para as atividades presenciais em 2022 ou que estão em risco de evadir.
Para o presidente da Undime, esse é um processo que precisa começar na sala de aula, com o professor notando a ausência do aluno, além de um apoio de assistência social e de saúde. “Trazer é uma etapa e manter é um processo”, finaliza.
Ainda segundo o levantamento, mais de 80% das escolas municipais já retornaram com o ensino integralmente presencial. Das 3.372 secretarias pesquisadas, a grande maioria está ofertando educação totalmente presencial nas diferentes etapas de ensino, com adesão total ou quase total dos estudantes.
A representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer, destaca que esse é um número alto e significativo, já que, segundo ela, foi o país que ficou mais tempo com escolas fechadas.
“A pesquisa mostra que ainda 5% das escolas não retomaram o ensino presencial, o que mostra como, apesar dos avanços, é preciso continuar trabalhando pelo retorno. A nível global, a preocupação do Unicef é em todos os países. No caso do Brasil, é uma preocupação ainda maior. O Unicef recomenda fazer uma avaliação sistemática, medir o nível de aprendizado da criança, fornecer um apoio personalizado, que é necessário”, destaca Florence.
Na semana passada, o Ministério da Educação lançou o “Disque 100 – Brasil na Escola”, um canal para comunicação sobre crianças e adolescentes que não estejam matriculados em uma rede de ensino. Após a ligação, o MEC notifica o Conselho Tutelar e outras autoridades competentes para garantir o retorno à escola.
Vacinação infantil
O levantamento da Undime também constatou que quase todos os municípios já iniciaram (40%) ou pretendem iniciar (53%) a vacinação de crianças contra a covid-19 no primeiro semestre deste ano. Ainda segundo os dados, 63% das secretarias consultadas acreditam que há uma boa aceitação dos pais e responsáveis em relação à imunização, enquanto 20% afirmam que há certa resistência e baixa procura.
Quanto à obrigatoriedade da dose, 37% das escolas vão exigir o cartão de vacina, mas disseram que a falta dele não impedirá a frequência dos estudantes. E 47% informaram que, apesar de não impedirem a frequência, o Conselho Tutelar será comunicado caso o responsável não apresente o comprovante.