Documento aponta o terreno que já está comprado na Linha Palmeiro como excelente para a contrução. “Insegurança para o turista é ser assaltado aqui, ficar traumatizado e nunca mais voltar.” rechassa o Presidente do CIC Laudir Picolli ao liderar o movimento para construção do presídio
Foi lançada ontem uma carta aberta que pede a efetivação da construção de um novo presídio para o município. Assinado por doze entidades que já firmaram seu apoio à causa, o documento marca um momento decisivo em relação à segurança pública de Bento Gonçalves. A carta aponta como ponto negativo a longa espera pela solução e as consequências negativas dos impasses criados no passado em relação ao local para da nova unidade penitenciária.
Em entrevista, um dos líderes do manifesto – o presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves (CIC-BG), Laudir Picolli – defende a localização, ressaltando que compreensivelmente qualquer lugar vai gerar reações de recusa .“Se for construído em outra localidade, também vai haver oposição. Mas precisamos todos entender a importância dessa obra e unir forças para que seja concretizada”, resume.
Segurança em primeiro lugar
Para Picolli, a localização é propícia, não só pela amplitude do espaço – são aproximadamente 14 hectares, mais de 145 mil metros quadrados – como pelo fato de não existirem residências próximas, ao contrário da atual localização: no centro da cidade, cercada por creches, casas e prédios residenciais, estabelecimentos comerciais e até mesmo uma unidade de plantão médico. “Nosso município tem toda essa força turística, então, nossa primeira preocupação tem de ser com a segurança das pessoas”, frisa.
A colocação do presidente da CIC-BG em relação ao turismo está diretamente ligada ao argumento sustentado pelos que se posicionam contra o local em questão. “Algumas pessoas reclamam que ali é uma região turística e que um presídio na localidade vai gerar uma má impressão visual e insegurança para quem mora nos arreadores e turistas”. E rebate. “Insegurança para o turista é ele ser assaltado aqui no município, ficar traumatizado e nunca mais voltar. É claro que a poluição visual é importante, mas não pode se sobrepor à vida das pessoas, à segurança delas – tanto moradores como turistas”, afirma.
Novo presídio será projeto piloto de novo modelo da SUSEPE
Outro ponto destacado na carta aberta é a superlotação permanente do atual presídio, que segundo o documento, compromete severamente a eficiência do trabalho realizado pelo Poder Judiciário. No texto, essa falta de espaço para acolher novos detentos é citada como um dos motivos que leva a justiça a ter que escolher, dentre os infratores, quais cumprirão pena em regime fechado. Com isso, delinquentes acabam sendo liberados ao convívio social por falta de capacidade carcerária, e consequentemente, expondo a população à criminalidade.
Mas essas são apenas algumas das questões destacadas em relação ao novo presídio. Outra demanda envolve a falta de planejamento carcerário, que leva ao aumento da periculosidade dos criminosos no momento de seu reingresso social. E em relação a esse ponto, vale lembrar que a construção da nova Unidade Carcerária em Bento seguiria o novo modelo da Superintendência de Assuntos Penitenciários (SUSEPE), prevendo total regramento dos detentos, integralmente sob responsabilidade e custeio do Estado – inclusive com acesso a ferramentas de ressocialização para o apenado. “Vai ser um projeto piloto, o primeiro baseado no novo modelo”, destaca Picolli.
Interesse coletivo acima das divergências
Em meio a toda a discussão que cerca o assunto, a necessidade imperativa de construção do novo presídio surge como uma conclusão inquestionável no manifesto lançado essa semana. Da mesma forma, o documento evidencia a urgência em remover a unidade de detenção da atual localização, na região central da cidade. E para o presidente da CIC-BG, essa remoção é imprescindível para eliminar a vulnerabilidade a que se sujeita a comunidade local, que convive com o medo constante de situações que envolvam casos de fuga ou rebelião.
Por fim, o texto evoca a necessidade de colocar interesses coletivos à frente de quaisquer ponderações. E esse parece ser o ponto determinante de toda a questão: primar pela viabilização da nova unidade. Picolli reafirma: “Sabemos que a escolha do local vai envolver prós e contras, é fato. Mas a falta de um consenso pode levar à consequências severas para toda a comunidade. E esse é sem dúvida, o momento para tomada de decisões”, conclui.