Em Bento Gonçalves foram registrados cerca de 200 deslizamentos de terra, que atingiram diretamente as pessoas que viviam, ou não, nas comunidades onde cerca de mil pessoas foram resgatadas das áreas de risco, conforme dados da Prefeitura Municipal. Pensando em proporcionar momentos de integração, espiritualidade e informações relevantes para os atingidos diretamente pela catástrofe no interior do município, bem como levar o apoio de entidades, para que percebam que não estão sozinhos, foi criado o projeto “Nostra Gente Nossos Laços”. Esta iniciativa, organizada pela Emater/RS-Ascar, Instituto Federal do Rio Grande do Sul e Faculdade da Serra Gaúcha – Campus Bento Gonçalves, e voluntários, com o apoio de Sindicatos da Agricultura, Sicredi Agro, Cooperativa Aurora, Ervateira Valério e Secretaria de Assistência Social, aconteceu nesta terça-feira (28/05), na comunidade de Tuiuty, na subprefeitura do distrito, e contou com a participação de muitas pessoas que sofreram com a intempérie.
Os deslizamentos de terra trouxeram consigo a insegurança e o medo em muitas famílias, e todas as que se encontram desalojadas necessitam de amparo psicológico, especialmente nos primeiros 30 dias após a catástrofe, pois o risco de traumas em razão do acontecido assola boa parte da população que vivia nas áreas atingidas.
Durante o encontro, as entidades reforçaram seu apoio às famílias atingidas e passaram mensagens de suporte psicológico àqueles que tanto sofrem. O público presente fez uma autoapresentação e aqueles que se sentiram confortáveis falaram sobre a experiência que tiveram e como aconteceram os deslizamentos em suas propriedades. Algumas pessoas relataram a parda total da área de cultivo agrícola, outras a perda estrutural das residências, e emocionaram a todos os presentes. Após os relatos, os psicólogos reforçaram a importância de as pessoas tirarem o momento para sentirem a angústia, medo e a tristeza do que lhes aconteceu. Assim como ter a coragem de pedir suporte psicológico para saírem mais fortes, e após isso se reerguerem, sentindo que existem muitas pessoas para auxiliar.
Foi realizado ainda um momento espiritual e um bingo solidário com a finalidade de integrar todos os participantes e levar um pouco da descontração que as famílias tinham aos finais de semana.
“Os deslizamentos no município trouxeram consigo a tristeza da perda da propriedade, que é seu sustento anual, e também a insegurança de permanecer nas áreas atingidas. As famílias ficaram muito abaladas psicologicamente, e nos primeiros 30 dias após o desastre é crucial que elas entendam o apoio que todos estão ofertando, para que minimizem os traumas. É importante sofrer as perdas no momento, mas também ter esperança e até mesmo ‘olhar com olhos de criança’ de que tudo vai melhorar quando a água baixar ou quando os acessos forem restabelecidos. E que sim, é importante sonhar e ter a certeza que a vida vai se reconstruir e ser adaptada, mas principalmente não perder a fé e ter a certeza do apoio das entidades, como também a certeza de dias melhores”, reforça a extensionista social da Emater/RS-Ascar, Luciana Marion Fagundes da Silva.