Em um ano, aluguel subiu 16% em 25 cidades do país. Veja os tipos de imóveis que estão mais caros

2015-04-10_190211

Locação de imóveis residenciais já tem aumento acima da inflação e valores continuam subindo. Juro alto dificulta compra da casa

 

Uma combinação de juros altos, dificuldade para conseguir financiamento imobiliário e ter o imóvel próprio, demanda aquecida e reajustes depois da pandemia tem mantido os aluguéis em alta nas principais cidades do país.
O preço da locação de imóveis residenciais continua subindo e, em setembro, aumentou 0,96%.
Pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FipeZap) com base nos anúncios de 25 cidades, indica que, no ano, os aluguéis já subiram 13,26% e, nos últimos 12 meses, a alta foi de 16,16%. Bem acima da inflação que está em torno de 5%.
O coordenador do Índice FipeZap, Alison Pablo de Oliveira, afirma que aumentou a demanda por imóveis residenciais para aluguel.
Os juros altos desestimulam a compra da casa própria pelas famílias. O comprometimento de renda não alcança a exigência dos bancos e as prestações mensais não cabem no orçamento.
Isso aumenta a procura por aluguéis que não está sendo acompanhada pela oferta — explica Alison acrescentando que apesar disso ainda pode haver espaço para negociação com proprietários.
Essa alta este ano se dá sobre um preço já majorado em 16,5% do ano passado, que foi a maior alta desde 2011. O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, lembra que a alta nos preços dos aluguéis tem pressionado a inflação:
É um serviço que compromete cerca de 30% do orçamento familiar, e dentro da inflação de serviços tem peso de 10%.
É um serviço fundamental e de maior preço. A resistência é mais forte por se tratar de serviço indexado. Os contratos têm reajustes anuais fixados pela inflação, com Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou IGP-M. Mesmo agora com o IGP-M negativo, a maioria dos contratos não cai e fica mantido o valor sem reajuste.
Segundo o economista, esse cenário impede que Banco Central faça reduções mais acentuadas nos juros básicos da economia, o que mantém a dificuldade na aquisição de um imóvel própria e aquece a demanda pelos aluguéis.
De acordo com analistas, no Rio, onde o serviço já 20,34% nos últimos 12 meses, e em outras capitais, há um efeito tardio da pandemia — período em que os preços se mantiveram estáveis ou caíram —, e agora os valores estão passando por uma correção.
Nas imobiliárias, o mercado aquecido tem reduzido até o tempo médio de assinatura de contratos de locação. Antes, o processo em geral levava até 30 dias, desde o anúncio até o fechamento do contrato.
Agora, a média é de 15 dias e, em alguns casos, os imóveis nem chegam a ser anunciados, já são oferecidos para clientes cadastrados nas imobiliárias.
Em Florianópolis (SC) e Goiânia (GO), a alta acumulada até setembro já chega a quase 30%. No caso dessas cidades, o aumento da renda domiciliar é o principal fator a aquecer o mercado imobiliário de locação.
Segundo Solange Portela de Andrade, diretora da JB Andrade Imóveis, o cenário é reflexo do aquecimento do mercado, com aumento da procura, quanto pela digitalização dos processos, e acesso facilitado ao seguro fiança.
A demanda e a procura por imóveis para alugar estão muito aquecidas. O processo de locação só demora se o valor estiver muito acima do mercado. Sempre existe um espaço para locação, mas em muitos casos, nem chegamos a anunciar imóveis — afirma ela.