Cutucar o nariz aumenta o risco de Alzheimer e demência

2015-04-10_190211

Pesquisadores descobriram que bactérias que entram pelo canal olfativo podem chegar ao cérebro e favorecer o acúmulo da proteína beta-amiloide

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Griffith, na Austrália, apontou que retirar meleca do nariz pode contribuir para a ocorrência de Alzheimer e demência. Na pesquisa, a equipe detalha que, nos roedores, há um canal ligando o nervo olfativo ao cérebro, e que ele pode ser usado por bactérias, como a Chlamydia pneumoniae, que buscam chegar ao Sistema Nervoso Central (SNC). Publicado na revista Nature, o estudo mostrou que as células do cérebro absorveram a proteína beta amiloide, que tem relação direta com a ocorrência da doença de Alzheimer.

Esta se acumula, formando placas no cérebro e alterando a comunicação entre os neurônios, em pacientes humanos com Alzheimer. Inclusive, é considerada um dos principais marcadores da doença neurodegenerativa.

Em resumo, “os nervos que se estendem entre a cavidade nasal e o cérebro constituem vias de invasão pelas quais C. pneumoniae pode invadir rapidamente o sistema Nervoso Central e desencadear alterações genéticas e moleculares a longo prazo, que podem contribuir para o aparecimento da doença de Alzheimer”, afirmam os cientistas sobre os testes com roedores.

“Somos os primeiros a mostrar que a Chlamydia pneumoniae pode subir diretamente pelo nariz e entrar no cérebro, onde pode desencadear patologias que se parecem com a doença de Alzheimer”, conta James St John, chefe do Clem Jones Center for Neurobiology and Stem Cell Research e co-autor da pesquisa. “Vimos isso acontecer em um modelo de camundongo, e a evidência também é potencialmente assustadora para humanos”.

O nervo olfativo é diretamente exposto ao ar e oferece um caminho curto para o cérebro, que contorna a barreira hematoencefálica, afirmam os pesquisadores. Essa seria uma rota que vírus e bactérias detectaram como fácil no cérebro, e seria por onde elas passariam. A equipe de pesquisa da instituição já planeja a próxima fase da pesquisa, na qual pretende provar se o mesmo caminho existe em humanos.

“Precisamos fazer esse estudo em humanos e confirmar se o mesmo caminho funciona da mesma maneira. É uma pesquisa que foi proposta por muitas pessoas, mas ainda não concluída. O que sabemos é que essas mesmas bactérias estão presentes em humanos, mas não descobrimos como elas chegam lá”, afirma St John.

Os pesquisadores apontam que existem “alguns passos simples para cuidar do revestimento do nariz”, que “as pessoas podem fazer agora se quiserem diminuir o risco de desenvolver a doença de Alzheimer de início tardio”.

“Cutucar o nariz e arrancar os pelos do nariz não é uma boa ideia”, disse ele. “Nós não queremos danificar o interior do nosso nariz e pegar e arrancar pode fazer isso. Se você danificar o revestimento do nariz, pode aumentar o número de bactérias que podem entrar no seu cérebro”.