Covid-19: Estudos apontam descontrole alimentar durante o primeiro confinamento 

2015-04-10_190211

Estudo internacional liderado por Elsa Lamy, investigadora do Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), com a participação de Maria Raquel Lucas, da Escola de Ciências Sociais e Fernando Capela e Silva e Sofia Tavares, da Escola de Ciências da Saúde e Desenvolvimento Humano, da Universidade de Évora (UÉ), aponta diferenças no comportamento do consumo alimentar no primeiro período de confinamento devido à pandemia de covid-19.

Os resultados mostram que houve um aumento no consumo de alimentos doces, como bolos e bolachas, principalmente em países desenvolvidos e sobretudo no grupo de pessoas em que as motivações ligadas à busca de prazer e conforto, nos alimentos, é maior. Por outro lado, houve um aumento do consumo de hortícolas, frutas frescas e lacticínios no grupo de pessoas com maior escolaridade e mais motivadas pela saúde, destaca a investigadora que liderou este estudo que teve como base 3.332 respostas recolhidos em 16 países, sendo 72,8% na Europa, 12,8% na África, 2,2% na América do Norte (EUA) e 12,2% na América do Sul.

Os resultados do estudo agora publicado sugerem que as principais motivações percebidas para impulsionar a ingestão alimentar foram a familiaridade e o gosto, identificando-se dois clusters diferentes, com base na frequência de consumo alimentar, os quais foram classificados como “mais saudável” e “não saudável”. Elsa Lamy, sublinha que, também a este respeito, “a formação é essencial na promoção de uma alimentação saudável.

A escolaridade, para além de contribuir para esta formação contribui também para maior segurança económica e menos ansiedade e isso reflete-se em menor necessidade de alimentos “de conforto”, como são os alimentos altamente palatáveis. Igualmente importante de distinguir o que são efeitos mais ou menos generalizados, e grandemente condicionados pelas limitações no acesso e na saída de casa, como são os casos de um aumento da confeção de alimentos em casa e o menor consumo de alimentos pré-preparados, apresentando resultados diferentes entre os tipos de grupos.

Um dos aspetos deste estudo que maior interesse suscitou à investigadora foi verificar a existência de dois grupos de participantes, ou seja, “um em que as mudanças foram no sentido de uma alimentação mais saudável e outro cuja mudança induzida pela situação de confinamento resultou numa pioria dos hábitos alimentares”, sendo muito “interessante” verificar “que são os indivíduos com taxa de escolaridade mais elevada e cujo comportamento alimentar é motivado por fatores relacionados com a saúde e ambiente que conseguiram esta mudança positiva”, enquanto que, pelo contrário, menor taxa de escolaridade ficou associado a “alterações no sentido de uma alimentação menos saudável em indivíduos cujas escolhas são principalmente motivadas pelo prazer, e regulação afetiva”.

É muito importante verificar que as alterações alimentares nestas circunstâncias “não devem ser generalizadas a toda a população observando-se variações em sentido diferente, consoante os fatores que motivam o consumo. Pensa-se que este conhecimento possa ajudar a definir estratégias mais eficazes, na medida em que as mesmas possam ser ajustadas em função das características de cada indivíduo”, sugerindo que o mesmo possa ajudar em situações futuras, “e seja adotado para a promoção de uma alimentação saudável e sustentável”, sublinha.

Com este estudo, foi possível constatar que se as pessoas tiveram condições vão cozinhar mais em casa, aumentam o consumo de hortícolas e até consomem mais alimentos em comércio de proximidade (o que também se observou) e esse facto é de extrema importância no contexto atual, em que há uma grande pressão para a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis”, considerando ainda que o estudo “tem a grande mais-valia de ter permitido recolher dados em 16 países e dar uma imagem mais global daquilo que são alterações nos hábitos alimentares provocados por uma situação extrema como a vivida em março de 2020.”

Portugal registou, entre 22 e 28 de março, 70.111 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, 148 mortes associadas à covid-19 e um ligeiro aumento de doentes internados, indicou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o boletim epidemiológico semanal da DGS, o número de casos confirmados de infeção desceu 5.169 em relação à semana anterior, registando-se, no entanto, um aumento de oito mortes na comparação entre os dois períodos.

Quanto à ocupação hospitalar em Portugal continental por covid-19, a DGS passou a divulgar às sextas-feiras os dados dos internamentos referentes à segunda-feira anterior à publicação do relatório.

Com base nesse critério, o boletim indica que, na última segunda-feira, estavam internadas 1.180 pessoas, mais 16 do que no mesmo dia da semana anterior, das quais 61 doentes em unidades de cuidados intensivos.

Portugal registou 78.464 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 entre 08 e 14 de março, 123 mortes associados à covid-19 e uma redução de internamentos, indicou hoje a Direção-Geral da Saúde.

Portugal registou 78.464 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 entre 08 e 14 de março, 123 mortes associados à covid-19 e uma redução de internamentos, indicou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o boletim epidemiológico semanal, o número de casos confirmados de infeção desceu 811 em relação à semana anterior, registando-se ainda uma redução de 39 óbitos na comparação entre os dois períodos.

Quanto à ocupação hospitalar em Portugal continental por covid-19, a DGS passou a divulgar às sextas-feiras os dados dos internamentos referentes à segunda-feira anterior à publicação do relatório e com base nesse critério o boletim indica que, na última segunda-feira, estavam internadas 1.140 pessoas, menos 85 do que no mesmo dia da semana anterior, e 66 doentes estavam em unidades de cuidados intensivos, menos 12.