Conheça os benefícios dos cogumelos para o cérebro   

2015-04-10_190211

A equipe que realizou o estudo acredita que pode ter desvendado como a substância exerce seus efeitos terapêuticos.

 

A psilocibina, o composto psicodélico encontrado nos cogumelos mágicos, ajuda a “abrir” o cérebro das pessoas deprimidas de maneira prolongada, permitindo que as diferentes regiões do órgão se conectem mais livremente umas com as outras.

Estas são as conclusões de uma análise de exames cerebrais de cerca de 60 pacientes recebendo tratamento para o distúrbio mental, liderada pelo Centro de Pesquisa Psicodélica do Imperial College de Londres. A equipe que realizou o estudo acredita que pode ter desvendado como a substância exerce seus efeitos terapêuticos.

O composto investigado é um dos muitos psicodélicos que estão sendo explorados como uma terapia potencial para transtornos psiquiátricos. Várias pesquisas testam uma forma sintetizada da droga para tratar pacientes com depressão e ansiedade, com resultados promissores.

Os novos dados, retirados de dois estudos combinados, revelam que as pessoas que responderam à terapia assistida por psilocibina mostraram aumento da conectividade cerebral não apenas durante o tratamento, mas até três semanas depois.

O efeito de “abertura” foi associado a melhorias autorrelatadas na depressão. No entanto, mudanças semelhantes na conectividade cerebral não foram observadas naqueles tratados com um antidepressivo convencional (chamado escitalopram), sugerindo que o psicodélico funciona de maneira diferente no tratamento do transtorno mental.

O estudo foi publicado na edição de ontem da revista Nature Medicine e, segundo a equipe responsável, as descobertas são um avanço promissor para a terapia com o composto, sendo que os efeitos foram replicados em dois estudos.

Os pesquisadores explicam que os padrões de atividade cerebral na depressão podem se tornar rígidos e restritos, e que a psilocibina poderia ajudar o cérebro a sair dessa rotina de uma maneira que as terapias tradicionais não conseguem.

“O efeito observado com a psilocibina foi consistente em dois estudos, mostrando a melhora dos pacientes, e não foi obtido com um antidepressivo convencional”, diz o autor sênior do artigo, Robin Carhart-Harris, ex-chefe do Centro de Pesquisa de Psicodélicos do Imperial, e agora sediado na Universidade da Califórnia, em San Francisco.

“Em estudos anteriores, vimos um efeito semelhante no cérebro quando as pessoas foram escaneadas enquanto tomavam um psicodélico, mas aqui estamos o observando semanas após o tratamento para a depressão, o que sugere uma ‘transmissão’ da ação aguda da droga”, afirma.