Como aumentar o tamanho da baga da uva de mesa aplicando ácido giberélico

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As uvas sem sementes naturalmente apresentam tamanho de bagas que estão aquém das exigências de mercados brasileiros e internacionais devido ao fato da ausência de semente. Como você sabe, as sementes tem um papel importante na fase de crescimento da baga, pois elas produzem ácido giberélico interna que faz com que a baga cresça naturalmente. Com o objetivo de suprir a exigência do mercado interno e externo, o uso de giberelina ou ácido giberélico (GA3) tornou-se indispensável para a melhoria da qualidade dos cachos, resultando em uma melhor qualidade comercial, consequentemente aumentando a baga da uva.

Com um mercado consumidor mais exigente e disposto a pagar por produtos com alta qualidade, a uva sem semente virou a queridinha nas prateleiras das redes de supermercados e hortifruit. Na década passada foi introduzida no mercado como novidade, aos poucos foi se popularizando, até o momento em que se tornou uma exigência para alguns países. Nos Estados Unidos, as uvas apirênicas já dominaram o mercado, enquanto que na Europa é crescente a demanda por uvas sem sementes.

O que é giberelina ou ácido giberélico?
A giberelina é considerado um hormônio vegetal e na natureza é encontrado em plantas, fungos e bactérias. Esse hormônio foi descoberto por agricultores japoneses ao observarem que algumas plantas de arroz possuíam um crescimento excessivo, e isso fazia com que elas não suportassem seu próprio peso, causando seu tombamento e morte. Para esse sintoma os agricultores deram o nome de “bakanaê”, que significa “planta boba” ou “muda tolo”, dependendo do estádio (fase) fenológico da planta.

Apenas em 1926, um fisiologista japonês demonstrou que o alongamento excessivo de plantas de arroz era causado por uma substância secretada por um fungo do gênero Fusarium. Essa substância foi isolada em 1930 e denominada de giberelina, esse nome ajudou para nomear o estádio sexual do fungo, o qual passou a ser chamado de Gibberella fujikuroi. Atualmente 136 tipos de giberelina já foram identificadas, no entanto, a GA3 é a mais utilizada na vitivinicultura para diversos fins: aborto químico, alongamento de cacho, crescimento de baga e supressão de sementes. O produto comercial utilizado como fonte de giberelina (GA3) no Brasil é o ProGibb, que contém 10% ou 40% do regulador de crescimento.

Uso de giberelina na videira
A aplicação do ácido giberélico (GA3) na viticultura, tem como principal função aumentar o tamanho das bagas, entretanto, ela também atua na descompactação dos cachos e eliminação de sementes. Quando aplicado cerca de 15 dias após o florescimento podem promover o menor pegamento de flores (raleio químico) e um maior alongamento do cacho (engaço).

O raleio químico é importante pois sua prática torna os cachos mais soltos (descompactados) devido ao menor no número de bagas que permanecem no engaço, criando desta forma um ambiente favorável para o crescimento das bagas de uva. Outro ponto positivo dessa prática é a redução de doenças fúngicas, pois não ocorre à formação de um microclima úmido dentro dos cachos de uva, que associado ao calor faz com que doenças se desenvolvam. Além disso, essa descompactação garante que a calda aplicada, de GA3 ou qualquer outro produto, atinja todas as bagas do cacho.

Para atuar aumentado o tamanho das bagas, que é o foco principal do artigo, outras aplicações de ácido giberélico são necessárias quando as bagas estiverem entre 3 e 5 mm de diâmetro, dependendo da variedade, na qual atuam promovendo o aumento do seu tamanho e diâmetro, como consequência, um ganho no peso das bagas. Visando o aumento da qualidade das uvas produzidas, alguns viticultures fazem uso de outros hormônios vegetais além da giberelina, tais como: ácido abscísico (ajuda na coloração de videiras), citocininas (crescimento de baga), auxina (regulação do desenvolvimentos das bagas e enraizamento etc..).

Local de atuação de giberelina
Nas plantas, as giberelinas ou ácido giberélico são hormônios produzidos nos tecidos apicais, como em gemas, folhas e entrenós jovens com crescimento ativo. A principal característica da giberelina é seu efeito sobre o alongamento dos internódios em certas espécies de plantas, mas também a sua participação na regulação dos processos de mudança na juvenilidade e determinação do sexo da flor, promoção do pegamento e crescimento do fruto. O efeito da giberelina é variável em função da variedade copa e porta-enxerto, concentração, modo e época de aplicação e das condições ambientais.

Formas de aplicações do ácido giberélico no campo
A aplicação dependerá do tamanho da área, acessibilidade e disponibilidade de máquinas agrícolas maiores. Podendo assim, ser utilizado desde equipamentos simples em áreas menores ou intransitáveis às máquinas grandes, como, por exemplo, o pulverizador costal manual, até a utilização de um pulverizador eletrostático ou Arbus 1000 tracionado por trator, para áreas maiores e de fácil acesso.

Pulverização localizada Imersão do cacho
Esse tipo de aplicação consiste em imergir o cacho dentro da solução contendo giberelina. Essa prática não é realizada em grande escala porque demanda muita mão-de-obra, tendo em vista que todos os cachos deverão passar pelo mesmo processo de imersão. Em algumas variedades, esse tipo de aplicação aumenta a espessura do engaço, pois, a giberelina terá ação tanto na baga quando engaço.

Pulverização localizada Costal (Manual)
A forma de aplicação consiste basicamente em molhar todos os cachos da planta com o produto. Quando utilizado o pulverizador costal, a qualidade da aplicação dependerá totalmente do aplicador, logo, o mesmo deve receber um treinamento prévio básico para que a eficiência da aplicação seja garantida.

Pulverização localizada Mecanizado (Trator)
A aplicação mecanizada de giberelina é realizada de 3 formas: convencional com ventilador, Turbina com “mãozinha” ou eletrostático. Dentre esses três sistema de aplicações, o mais eficiente para giberelina é o pulverizador eletrostático.

Convencional com ventilador
Na aplicação utilizando o Arbus 1000 (imagem 1 e 2 ), deve-se regular o tamanho da barra para não ocasionar danos mecânicos nos cachos durante a aplicação. Outro ponto importante é a velocidade em que o implemento será tracionado, pois ela dependerá do tipo de bico utilizado e volume de calda. Nesse sistema há uma irregularidade na ventilação, o que irá interferir na qualidade de aplicação.

Turbina com “mãozinha”
Este é o segundo melhor sistema de aplicação para giberelina, devido a ventilação mais uniforme e que consegue dissipar as goras mais finas nesse sistema.

Eletrostático
O uso do pulverizador eletrostático possui como principal vantagem o aumento da eficiência de aplicação, pois todas as gotas carregadas eletricamente são direcionadas para atingir o alvo, que nesse caso, são as folhas e os cachos. Assim, esse sistema proporciona uma distribuição mais homogênea das gotas em todo o cacho, tanto na parte externa quanto na parte interna e ao considerar as bagas é possível de se despistar gotas em toda a circunferência da baga.

Como as gotas são carregadas eletricamente, há uma redução do consumo de água por aplicação, por exemplo, numa pulverização convencional utilizando o sistema de ventilação, utiliza-se 700 – 1000 litros de água por aplicação, já com o sistema eletrostático são utilizados 90 litros de água por aplicação. Também devemos lembrar que, nesse sistema reduz a evaporação, possível contaminação do solo, quantidade de água e produto utilizado, sejam reduzidas quando comparado a uma aplicação convencional.

Novas Tecnologias
Nos últimos anos, algumas fazendas no Chile vêm optando por um novo equipamento, chamado de Patohormoneador para realizar as aplicações do ácido giberélico diretamente nos cachos de uva de forma individualizada. Seu uso faz com que as bagas possam aumentar seu tamanho em cerca de 20%. Para o aplicador, a sua utilização facilita o trabalho tendo em vista que não há necessidade de efetuar várias aplicações nos diferentes lados do cacho para que a calda atinja todas as bagas do cacho. Além disso, a concepção do instrumento permite que o excesso da calda contendo giberelina retorne para o tanque da bomba, gerando com isso uma maior economia devido à redução do desperdício.

Aplicação de giberelina utilizando o sistema convencional com ventilação (“barra”)
Aplicação de giberelina com pulverizador eletrostático
Aplicação localizada utilizando o sistema de pulverização manual