A quinta geração da telefonia móvel deve dificultar muito o combate ao crime, segundo forças policiais europeias, que não estão convencidas de que poderão rastrear suspeitos de maneira efetiva quando a “super internet” 5G estiver sendo usada comercialmente.
O alerta foi feito pela Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol).
O 5G estreou em maio no Reino Unido e já funciona na Coreia do Sul e em algumas partes dos EUA desde abril. A expectativa é de uma enorme evolução dos telefones celulares. Na América Latina, o 5G está previsto para chegar no próximo ano a países como México, Peru e Equador. No Brasil, a rede comercial de quinta geração só deve entrar em operação em 2023.
Em entrevista à agência Reuters, a diretora da Europol, que coordena todos os esforços policiais da Europa, disse que hoje faltam ferramentas para investigar criminosos que usam ou vão usar a quinta geração de tecnologia.
Catherine De Bolle explicou que a vigilância por meio das redes 4G tem sido “uma das ferramentas mais relevantes” para forças policiais e de segurança. Mas admitiu que faltam regulamentação e tecnologia para manter o mesmo tipo de monitoramento quando as redes atuais se tornarem obsoletas.
O 5G, segundo De Bolle, “faz com que o monitoramento de criminosos seja mais difícil porque (a rede) dispersa os dados em muitos elementos do sistema”.
De Bolle afirma que ferramentas e técnicas desenvolvidas para o 4G demonstraram ser úteis para combater organizações criminosas e também para localizar vítimas em casos de sequestro.
As autoridades policiais europeias conseguem ouvir e rastrear criminosos procurados usando dispositivos de comunicação móvel na rede 4G, mas “não podemos usá-los na rede 5G”, disse De Bolle à Reuters.
O GSMA, associação que representa os interesses das operadoras de redes móveis em todo o mundo, classificou como “surpreendentes” as afirmações da diretora da Europol uma vez que, de acordo com a entidade, é possível o rastreamento legal por meio do 5G.
A GSMA, que ajuda a coordenar o desenvolvimento de tecnologia móvel, diz que a chegada do 5G não significa que agora os criminosos não poderão ser seguidos ou interceptados.
“A indústria móvel e qualquer pessoa envolvida no desenvolvimento do 5G estão muito conscientes da necessidade de fornecer acesso legal às redes de telecomunicações quando as implementamos”, esclareceu a associação.
De Bolle conversou com a Reuters antes da divulgação do informe da Europol que abordou ameaças das tecnologias futuras para o trabalho da própria entidade e também para os esforços das autoridades policiais no combate ao crime.
Além do 5G, o alerta da instituição europeia advertiu sobre outras ameaças potenciais como o uso de veículos autônomos como armas que podem ser usadas por “terroristas”. O texto também fala da capacidade de computadores quânticos decifrarem sistemas codificados.
O 5G é a quinta geração de conectividade móvel que promete acesso muito rápido a dados, uma ampla cobertura e conexões mais estáveis.
A indústria de telecomunicação pondera que o 4G não vai desaparecer. Argumenta ainda que, apesar de o uso comercial do 5G estar previsto para começar em muitos países a partir do ano que vem, a transição vai ser gradual.
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