Com recorde de assassinatos em Bento Gonçalves, Secretário Estadual de Segurança envia Força Gaúcha de Pronta Resposta

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Apesar do Estado apresentar queda no índice de assassinatos em 2018, Bento Conçalves, segue em direção oposta com aumento histórico de homicídios. Para inibir a escalada de crimes na cidade, a Secretaria Estadual de Segurança Pública envia hoje para Bento Gonçalves uma Força gaúcha de Pronta Resposta.

O Rio Grande do Sul apresenta queda no número de assassinatos em 2018, mas Bento Gonçalves tem o ano mais violento da história, indo na direção contrária. Em 2018 já foram 41 assassinatos, com quase todas as vítimas com passagem pela polícia e com envolvimento em tráfico de drogas. Em 2017 foram 34 mortes. A violência crescente do município destoa de outras regiões do estado que apresentaram queda no número de mortes violentas. Em 2017 Garibaldi e Carlos Barbosa apresentaram apenas cinco e dois homicídios, respectivamente, enquanto que em Farroupilha foram nove mortes. Caxias do Sul, cidade com mais de 500 mil habitantes tem o registro de 57 mortes neste ano. Em 2017 foram 83 mortes. Caxias é três vezes maior que Bento e está entre as cidades que apresentou leve queda no número de mortes, quando comparado a Bento.
Com a onda crescente de violência, Bento irá receber força policial no combate aos homicídios que tem gerado preocupação por parte da população. O secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, determinou na manhã desta segunda-feira, dia 15, o envio da Força Gaúcha de Pronta Resposta (FGPR) para Bento. A tropa viaja nesta terça-feira,16, para a cidade que registra uma onda de homicídios.
Schirmer também anunciou a transferência temporária para o município de seis policiais civis oriundos da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, somando-se aos quatro enviados anteriormente com o objetivo de auxiliar nas investigações dos assassinatos. A Brigada Militar já havia reforçado o policiamento ostensivo na região, tendo uma parte do efetivo do 1º Batalhão de Operações Especiais (1ºBOE) de Porto Alegre se deslocado no dia 15 de setembro.

O que é a FGPR
No dia 1º de setembro a Força Gaúcha de Pronta Resposta (FGPR) começou a atuar no Rio Grande do Sul. Criada em junho deste ano pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), a FGPR tem o objetivo de dar apoio à Brigada Militar e à Polícia Civil em situações que demandem rápida resposta por parte das forças de segurança.
A tropa é formada por militares estaduais e por servidores da ativa das carreiras da segurança pública ou por inativos e aposentados designados.
Os agentes irão apoiar investigações, ações de inteligência, atividades periciais, ocorrências de Defesa Civil, busca e salvamento e reforço ou apoio ao policiamento ostensivo (urbano e rural).
Também estão entre as atividades o cumprimento a mandados judiciais de busca e apreensão e de prisão, operações em casas prisionais em razão de motins, auxílio no registro de ocorrências policiais, apoio à segurança em grandes eventos e ações junto ao Ministério Público.

Os números do Estado
Entre janeiro e agosto deste ano, os crimes contra a vida mantiveram a tendência de queda no Rio Grande do Sul, em comparação com o mesmo período de 2017. Os dados estatísticos da criminalidade foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) e mostram uma redução de 25% nos índices de latrocínio e 22,1% nos homicídios.
Em Porto Alegre, as ocorrências de homicídio doloso diminuíram 17,5% e as de latrocínio, 9,1%. A redução do número de vítimas fatais nos indicadores de homicídio doloso também se manteve, chegando a 21,3% no estado e 14,5% na capital – um total de 426 mortes a menos no RS, e 66 vítimas a menos em Porto Alegre, em comparação aos sete primeiros meses de 2017.
Ao todo, 17 indicadores são analisados. Eles representam os crimes de maior potencial ofensivo contra a vida e contra o patrimônio. No âmbito estadual, roubo de bancos e estupro de mulheres registraram aumento de 6,7% e 1,3%, respectivamente.

Relação completa dos indicadores do estado
Homicídio doloso: -22,1%
Latrocínio: -25%
Furtos: -10,8%
Abigeato: -28,9%
Furto de veículo: -14,7%
Roubos: -20,5%
Roubo de veículo: -7,6%
Estelionato: -1,2%
Furto de bancos: -31,7%
Roubo de bancos: 6,7%
Furto de comércio: -16%
Roubo de comércio: -27,2%
Roubo de usuários de transporte coletivo: -46,4%
Roubo de profissionais de transporte coletivo: -33%
Ameaça contra mulheres: -4,9%
Lesão corporal contra mulheres: -6,7%
Estupro de mulheres: 1,3%

Em agosto a Gazeta fez uma reportagem especial dos assassinatos que aconteceram no ano, comparando com 2017. Na ocasião a delegada responsável pelo 1º Departamento de Polícia de Bento, Maria Isabel Zerman, confirmou que a maior parte dos homicídios tem ligação com acerto de contas entre facções criminosas.
“Pela análise dos antecedentes policiais das vítimas e diligências realizadas, percebemos que a grande maioria dos homicídios está relacionada ao acerto de contas, no tráfico de drogas”, afirmou. Ainda segundo a delegada “Em que pese as constantes investidas da Polícia Civil neste crime, a proximidade com outros grandes centros de criminalidade (Caxias do Sul e região metropolitana) e o grande mercado de usuários que há em Bento Gonçalves auxiliam que criminosos de facções se instalem em nosso Município e que os atritos com traficantes locais se agucem e resultem na taxa de homicídio que temos atualmente. Ainda, é difícil a elucidação destes delitos, já que dificilmente encontramos testemunhas”.
A criminalidade cresceu assustadoramente nos últimos cinco anos em Bento Gonçalves. A observação de Maria Isabel vai ao encontro da realidade do município, que ano após ano tem registros ainda maiores de assassinatos na cidade, e a maioria das vítimas com envolvimento no tráfico de drogas.
Em 2013 foram 17 pessoas mortas e os números foram aumentando anualmente. Em 2014 foi contabilizado 20 homicídios, em 2015, o número aumentou para 25, em 2016 foram 26 assassinatos, em 2017 a soma chegou a 32, sendo que nos oito primeiros meses do ano passado eram 15 mortes, já nos oito primeiros meses deste ano a cidade já tinha 30 mortes.

 

Os 41 assassinatos de 2018

Weslei Rodrigues (8 de agosto no Ouro Verde, com antecedentes)
Ronaldo Panizzi (em Tuiuty no dia 6 de agosto, sem antecedentes)
Osmar Costa (no Municipal no dia 4 de agosto, com antecedentes)
Jean Carlos Lippert ( em16 de julho no Ouro Verde, sem antecedentes)
Valdir Mota da Silva (no dia 7 de julho no Juventude, com antecedentes)
Juceli de Oliveira (em 26 de junho no Borgo, com antecedentes)
Flavia Baltazzen (em 26 de junho no Borgo, sem antecedentes)
Otavio Martins (em 23 de maio na Linha Zenith, com antecedentes)
Claudio Costa dos Santos (em 19 de maio no Municipal, com antecedentes)
Luis Andre Brizola (em 2 de maio em Santa Tereza, sem antecedentes )
Rafael Agnoletto (em 23 de abril no Ouro Verde, com antecedentes)
Ida de Paula dos Santos (em 28 de março no Zatt, sem antecedentes)
Carlos Alberto dos Santos (em 28 de março no Zatt, com antecedentes)
Andrei Ostrowski Trindade (em 27 de março no Eucaliptos, com antecedentes)
Rodrigo Kiwel (em 24 de março no Municipal, com antecedentes)
Pedro Paulo Alves (em 18 de março no Tancredo, com antecedentes)
Ismael Augusti Tavares (em 15 de março no Zatt, com antecedentes)
Luiz da Silva Soares (em 15 de março no Zatt, sem antecedentes)
Paulo José Abreu da Silva (em 15 de março no Zatt, com antecedentes)
Airton Gotardo (em 10 de março no Municipal, com antecedentes)
Matheus Ferreira (em 10 de março no Tancredo, sem antecedentes)
Melissandro da Silva (em 22 de fevereiro no Conceição, com antecedentes)
Michel Chiapperin (em 25 de fevereiro no Maria Goretti, com antecedentes)
Marcos Peres (em 18 de fevereiro no Eucaliptos, com antecedentes)
Marco Gonzaga (em 16 de fevereiro no Eucaliptos, com antecedentes)
Eliseu Borges (em 31 de janeiro no Zatt, com antecedentes)
Marcio Schneider (em 25 de janeiro no Municipal, sem antecedentes)
Fabiano Morais da Silva (em 25 de janeiro no Municipal, com antecedentes)
Wellington Schafer (em 23 de janeiro no Imigrante, com antecedentes)
Michael Scalon (em 16 de janeiro no Ouro Verde, com antecedentes)
Marcelo dos Santos da Costa (em 27 de agosto no bairro Eucaliptos, com antecedentes)
Rômulo Marroni Ribeiro da Silva (em 28 de agosto no Ouro Verde, com antecedentes)
Gregório Bruschi (em 9 de setembro no bairro Botafogo, sem antecedentes)
Ivonir Alexandre Alves (em 11 de setembro no Ouro Verde, com antecedentes)
Jean Carlos Paida (em 16 de setembro no Eucaliptos, com antecedentes)
Claudiomiro Noronha, de 44 anos (20 de setembro, no Municipal, sem informações de antecedentes)
Alexandre Genatta, de 34 anos (29 de setembro no Conceição, com antecedentes)
Ramon Peralta De Leon, de 37 anos (8 de outubro no Licorsul, sem antecedentes)
Rodrigo Fabiano Brasil, 37 anos (8 de outubro no Licorsul, com antecedentes)
Juliano Schimidt, 31 anos (9 de outubro no Conceição, com antecedentes)