A utilização da água armazenada em cisterna para as rotinas da produção animal é uma prática desejável desde que sejam observados o correto manejo das estruturas de captação
A utilização da água armazenada em cisterna para as rotinas da produção animal é uma prática desejável desde que sejam observados o correto manejo das estruturas de captação
A Política Nacional de Recursos Hídricos de janeiro de 1997 instituiu fundamentos e instrumentos de gestão a fim de regular o uso da água. Dentre esses destacam-se o conceito de que a água é um recurso natural limitado. O órgão gestor ainda trabalha para a implementação da Política na sua integralidade.
A água será mais um quesito do manejo diário e do custo de produção das atividades agropecuárias. Portanto, conhecimentos e tecnologias que promovam a redução da captação de água das fontes naturais terão impactos ambientais e econômicos positivos. A cisterna é uma tecnologia que pode ter como uma de suas finalidades armazenar água de chuva. Na propriedade rural, a cisterna promove a segurança hídrica e contribui para a viabilidade econômica da atividade. A utilização da água armazenada em cisterna para as rotinas da produção animal é uma prática desejável desde que sejam observados o correto manejo das estruturas de captação, condução e armazenamento e a legislação relacionada à qualidade da água para os diversos usos.
A chuva é considerada uma fonte alternativa de água para fins potáveis ou não potáveis. Define-se água de chuva como a água resultante de precipitações atmosféricas coletada em coberturas nas quais não haja circulação de pessoas, veículos ou animais. A precipitação inclui a água da chuva, da neve, de granizo, de geada, de neblina e do orvalho. A chuva é a forma mais frequente de precipitação. As características principais da precipitação são o seu volume total, a sua duração e as distribuições temporal e espacial. Os tipos de precipitação são: convectivas (grande intensidade e pequena duração), orográficas (pequena intensidade e longa duração) e ciclônicas (pequena a moderada intensidade e grande área).
Aspectos do sistema de aproveitamento de água da chuva Independentemente da escala e da finalidade, o sistema de aproveitamento da água de chuva é composto por seis componentes básicos: Superfície de captação: área pela qual a água da chuva escorre; Calhas: necessárias para a condução da água para a cisterna; Telas e sistema de descarte da primeira chuva: para retirada de folhas, galhos e detritos, evitando a entrada desses na cisterna; Cisternas: local onde a água é armazenada; Sistema de tratamento: dependendo do tipo de uso será necessária a utilização de tecnologias de tratamento para ter água na qualidade desejada.
As cisternas podem estar sobre o solo, enterradas, semi-enterradas ou elevadas e ter diversas formas: retangular, quadrada, cilíndrica ou cônica. Dependendo da pressão que a estrutura da cisterna poderá exercer na superfície de apoio, a estabilidade do solo deve ser avaliada.
Os materiais mais utilizados na construção de cisternas são: vinimanta de PVC, manta de PEAD, fibra de vidro, alvenaria, ferro cimento ou concreto armado. No Quadro 1 tem-se as características e os cuidados no uso de cada tipo de material.
Qualidade da água armazenada na cisterna
A qualidade da água de chuva deve ser considerada em três momentos: enquanto está na atmosfera, após passagem pela área de cobertura e na cisterna. A qualidade pode ser afetada pelos seguintes fatores: localização geográfica da propriedade, presença de vegetação no entorno da área de captação, condições meteorológicas, estação do ano, tipo de cobertura do telhado, condição de conservação da área de captação e material da cisterna.
No meio rural, a contaminação da água ao passar pelo telhado pode se dar por fezes de pássaros e de pequenos animais, insetos e outros animais mortos em decomposição, restos vegetais (folhas, galhos, etc.), poeiras e restos do revestimento do telhado. Em regiões agropecuárias, a água da chuva pode apresentar significativa concentração de nitrato devido ao uso intensivo de fertilizantes, além de eventuais resíduos de agroquímicos. Existem diferentes concepções de sistemas de aproveitamento de água de chuva, e a qualidade da água que se quer é um dos fatores que determinam essa concepção.
A importância das Cisternas
Cisternas são reservatórios de águas pluviais (das chuvas) dedicados ao suprimento de água não potável em residências, indústrias, postos de combustíveis, escolas e estabelecimentos comerciais.
Apesar da utilização destes reservatórios ter iniciado durante a Revolução Neolítica, (cerca de 10.000 A.C), esta é uma ideia ainda pouco difundida, tendo em vista os custos de instalação e manutenção serem relativamente baixos e haver grande disponibilidade de águas pluviais em virtude das elevadas taxas de precipitação na maioria das regiões do Rio Grande do Sul.
Além de redução de gastos financeiros com a água tratada proveniente da rede pública, o uso de cisternas é uma das atitudes que mais levam consigo a marca da tão proclamada sustentabilidade, pois sua instalação é prática, tem alto custo-benefício e gera retorno do investimento em cerca de 2 anos e meio para residências e 1 ano para indústrias e postos de combustíveis.
No entanto, é importante salientar que a água armazenada em cisternas, mesmo quando filtrada, não deve ser utilizada para consumo humano. Neste aspecto, a qualidade e a saúde devem sempre prevalecer em relação à redução de custos e à preservação do ambiente.
A água das cisternas pode ser empregada em descargas de vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagem de pisos, evitando o uso de água tratada onde não há necessidade e contribuindo para a preservação de rios e córregos.
Além disso, em cidades mais populosas e com esgotamento pluvial deficitário, as cisternas auxiliam no controle de enchentes, pois represam a água que deveria ser drenada para galerias ou cursos hídricos.
É fundamental adotarmos ações como esta e incentivarmos nossos amigos, familiares e vizinhos a procederem da mesma forma, divulgando os benefícios que as cisternas trazem em curto período de tempo.
Uma atitude sustentável nada mirabolante, com resultados excelentes e comprovados.