Cientistas conseguem rejuvenescer sangue com anti-inflamatório

2015-04-10_190211

Medicamento usado para tratar a artrite reumatóide bloqueia o processo de inflamação da medula óssea, o que pode ajudar a aumentar a longevidade

 

Um número cada vez maior de pesquisadores se dedica a tentar encontrar formas de reverter ou prevenir o envelhecimento.
Em um dos trabalhos recentes sobre o tema, cientistas da Universidade de Columbia, em Nova York, encontraram um medicamento capaz de rejuvenescer a produção de sangue. A pesquisa foi feita em camundongos, mas se esses resultados se confirmarem em humanos, a expectativa é que isso possa aumentar a expectativa de vida em décadas.
À medida que envelhecemos, o sistema hematopoiético – responsável pela produção das células sanguíneas – fica inflamado a ponto de se deteriorar e faz com que as células-tronco do sangue, localizadas na medula óssea – parem de funcionar funcionando e, portanto, produza menos glóbulos vermelhos e brancos. Isso pode enfraquecer o sistema imunológico e causar diversos problemas, desde infecção e anemia, até câncer.
“Um sistema sanguíneo envelhecido, por ser um vetor de muitas proteínas, citocinas e células, tem muitas consequências ruins para o organismo. Um homem de 70 anos com um sistema sanguíneo de 40 anos pode ter uma vida útil mais longa, se não mais”, diz Emmanuelle Passegué, diretora da Columbia Stem Cell Initiative, em comunicado.

Em trabalhos anteriores, a mesma equipe havia tentado a produção de células sanguíneas em camundongos por meio de exercícios e dieta, sem sucesso. No novo estudo, eles se concentraram em uma parte específica da medula óssea, chamada de nicho estromal, identificando que a inflamação estava por trás da deficiência da produção de sangue.
De acordo com os resultados, publicados recentemente na revisão científica Nature Cell Biology, a administração do medicamento anakinra, um anti inflamatório usado no tratamento da artrite reumatóide, impede que a inflamação se instale na medula óssea. A droga funciona bloqueando a molécula inflamatória interleucina-1β (IL-1β), que danifica a o sistema biológico usado pelas células-tronco que se transformam em células sanguíneas.
De acordo com o investigador, sua aplicação restaurou as células-tronco do sangue a um estado mais jovem e saudável, com efeitos ainda mais pronunciados quando uma droga foi aplicada no início da vida dos camundongos.
“Esses resultados indicam que essas estratégias são promissoras para manter a produção de sangue saudável em idosos”, diz o bioquímico Carl Mitchell, do Columbia University Irving Medical Center.
O próximo passo é investigar se esses resultados também se aplicam em humanos. “Como o medicamento em questão já está aprovado para uso humano, aguardo que o processo de implantação dos ensaios clínicos seja mais rápido”.
Outros estudos em animais já aceitaram que a transfusão de sangue jovem em animais mais velhos têm um efeito estimulante, mas acredita-se que direcionar a produção de sangue pode ter efeitos ainda mais dramáticos em termos de interrupção ou declínio causados ​​pela idade.
Emmanuelle Passegué, diretora da Columbia Stem Cell Initiative e principal autora do estudo, disse: “Tratar pacientes idosos com drogas anti-inflamatórias que bloqueiam a função de IL-1B deve ajudar a manter uma produção de sangue mais saudável”.