Pesquisador do RS fala sobre sensacionalismo na divulgação da pesquisa que ele é um dos autores
As substâncias cancerígenas também são encontradas em tabaco e carne grelhada. Assim surgiu a comparação entre o cigarro, que contém tabaco, o chá da erva-mate e o chimarrão.
Depois da repercussão do estudo divulgado recentemente pelo jornal americano New York Post causou polêmica entre os apreciadores de um bom mate na América do Sul.
A pesquisa americana afirma que “tomar bebidas com mate – como o chimarrão – com frequência é tão perigoso quanto fumar 100 cigarros”
Renato Fagundes, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e um dos autores da pesquisa feita em 2008, fala que o foco da pesquisa foi usado para sensacionalismo . Internautas ao criticarem, destacaram que há vários tipos de erva-mate, bem como diferentes maneiras e frequências de consumo.
Na realidade a pesquisa defende a hipótese de que a carcinogenicidade do mate pode estar relacionada ao seu conteúdo de PAH (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos), já que concentrações muito altas de HPAs cancerígenos foram encontradas em folhas de erva-mate e em infusões quentes e frias de mate.
Segundo o estudo, a infusão da erva-mate na água quente poderia, assim, provocar câncer no estômago, rim, fígado e esôfago, por conta dos PAHs citados, uma substância cancerígena.
Pesquisadores sul-americanos refutam o entendimento da questão, acreditando que a conclusão ainda é apenas uma associação. Eles consideram que toda situação deve ser analisada dentro de um contexto e que são necessárias ainda mais análises.
Sem pânico
No entanto, de acordo com o que Fagundes pontuou ao site de notícias G1, o artigo faz uma associação – a partir de estudos observacionais -, entre a alta incidência de câncer de esôfago e consumidores de erva-mate. Desta forma, a intenção da pesquisa não é apontar causa e efeito entre o chimarrão e a doença. Até porque, conforme esclarece, as pessoas que foram consideradas para o estudo, também consumiam mais cigarros e álcool do que a população em geral.
O professor ressalta ainda que as descobertas trazidas pela pesquisa devem ser tomadas com cautela: não é preciso pânico, visto que para chegar a um quadro de câncer, normalmente, são necessários mais de um fator. Ainda para o G1, ele indica que o grupo de pesquisadores segue com os estudos sobre o tema até hoje.
Cuidados
Até que as conclusões sejam confirmadas, vale lembrar que a temperatura da água do chimarrão deve sim ser bem observada. Acima de 80 graus, a água quente pode causar uma lesão no trato gastroesofágico, o que aumenta o risco de câncer nesta região do corpo.