Depois dos 40 anos, o olho passa por mudanças naturais
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS ), a catarata é uma das principais responsáveis por casos de cegueira em todo mundo, com uma taxa de 51%.
A doença é definida como a presença de uma opacidade, parcial ou completa, que afeta o cristalino (pequena lente natural) de um ou ambos os olhos, o que afeta a qualidade da visão.
Com isso, a luz não consegue passar pelos olhos corretamente. O resultado disso se dá na forma de imagens com pouca nitidez, embaçadas, esbranquiçadas e até amareladas.
Os fatores que originam a catarata são diversos: histórico familiar; exposição dos olhos aos raios ultravioleta; realização de raio-X com frequência; exposição ao tratamento de radioterapia; uso excessivo de álcool e tabaco; uso excessivo de corticóide tópico em forma de colírio ou sistêmico; doenças variadas (diabetes, hipotireoidismo e distúrbios autoimunes); doenças oculares (glaucoma e descolamento de retina); traumas e lesões oculares; baixo índice de antioxidantes (vitamina C, vitamina D e carotenóides), entre outros.
Apesar de todas essas causas, a catarata é muito mais associada ao envelhecimento. Depois dos 40 anos, o olho passa por mudanças naturais. Proteínas presentes nas lentes começam a oxidar, o que provoca algumas alterações na visão.
Dadps do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que cerca de 30% dos brasileiros acima dos 60 anos sofrem com a doença. Esmiuçando os dados ainda mais, pessoas de 65 a 74 anos representam 33,9%. Mais velhos que 75 anos marcam 55,5% dos afetados pela catarata.
Esses números, portanto, mostram de forma bastante clara que a incidência e a gravidade da catarata aumentam conforme a idade avança.
Ainda no cenário brasileiro, o Nordeste é a região onde os casos da doença são mais encontrados (39,3%), seguido pelo Centro-Oeste (38,3%), Norte (38,1%), Sudeste (33,2%) e Sul (28,3%).
A discrepância também é observada no gênero. Estudos já comprovaram que as mulheres são as maiores vítimas da catarata, marcando 38,6% em relação aos 29,4% dos homens.
Por que a catarata é mais comum em mulheres?
A diferença de 9,2% entre os casos de catarata entre mulheres e homens é bastante expressiva, podendo ser explicada por alguns fatores determinantes.
Durante os ciclos menstruais, o corpo da mulher sofre picos de estrogênio, o hormônio sexual feminino. O efeito disso é a aceleração do processo de opacificação do cristalino, que desencadeia a catarata.
Outro ponto importante é que muitas mulheres passam por terapias de reposição hormonal por causa dos sintomas da menopausa, geralmente entre os 45 e 50 anos.
Assim, há um aumento considerável na produção da proteína C-reativa, que também é associada aos sinais da catarata.
Diabetes
Um levantamento de 2017 feito pela Federação Internacional de Diabetes apontou que a doença é mais comum nas mulheres (10%) do que nos homens (7,8%).
Isso pode ser explicado pela menopausa –alterações hormonais fazem com que o nível glicêmico cresça – e por questões sociais mais complexas.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou, também em 2017, que as mulheres brasileiras trabalham 7,5 horas a mais do que os homens, resultado da chamada jornada dupla (junção de trabalho e serviços domésticos).
Embora não existam estudos que comprovem de fato a relação entre essa situação com o maior desenvolvimento feminino de diabetes, especialistas dizem que o estresse e o cansaço são elementos que geram, sim, mais riscos de evolução para diversos problemas de saúde.
Desta forma, se as mulheres sofrem mais com a diabetes, também são mais propícias à catarata.
Expectativa de vida
Em 2021, o IBGE divulgou que a expectativa de vida das mulheres é maior que a dos homens – 80,3 anos contra 73,3 anos. A diferença é de 7 anos.
Como a catarata é uma doença prevalentemente de idosos, é natural que as mulheres sejam as mais afetadas, já que têm mais tempo de vida.
Tratamento
A única forma conhecida de tratamento para a catarata é a cirurgia. Até o momento, não existem medicamentos ou terapias alternativas capazes de reverter os quadros da doença.
A operação consiste em substituir o cristalino por uma lente intraocular, como se fosse uma prótese de olho. Como a cirurgia de catarata é a mais realizada em todo o mundo, é um procedimento que pode ser considerado simples, assim como sua recuperação.
Com anestesia local em forma de colírio, o paciente pode voltar para casa no mesmo dia da cirurgia, sentindo apenas um leve desconforto que tende a desaparecer em pouco tempo.
Apesar dos mitos que dizem que é preciso esperar que a catarata fique em um estado mais avançado para tratá-la, o ideal é que o tratamento seja feito o quanto antes, para aumentar as chances de sucesso e recuperação mais rápida.