Carne vermelha pode aumentar o enrijecimento das artérias em 22%

2015-04-10_190211

Embora muitos artigos e pesquisadores já descrevam que comer carne vermelha pode desencadear diversos tipos de doenças cardiovasculares, como doença arterial e cardíaca coronária, o mecanismo desse processo patológico era desconhecido, até agora!

Um novo estudo da Universidade Tufts, em Medford, Massachusetts, pode ter identificado o caminho que conecta o alimento a aterosclerose – acúmulo de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias, ou mais simplesmente: o enrijecimento das artérias.

A relação foi observada apenas em pessoas com mais de 65 anos. O artigo explicou que comer carne vermelha leva à produção de metabólitos (o resíduo que sobra depois que o organismo aproveita a parte útil do alimento) no microbioma intestinal do corpo, que é mecanicamente ligado a processos fisiológicos que afetam a saúde cardiovascular. E, neste processo, um maior risco de doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD, sigla do inglês, atherosclerotic cardiovascular disease) foi notado.

“Em outras palavras, o que comemos é modificado pelas bactérias que vivem dentro de nós e, embora isso forneça uma ampla gama de benefícios para a nossa saúde, alguns metabólitos podem promover doenças como a aterosclerose e podem levar a eventos cardíacos adversos”, explicou o Dr. Wilson Tang, da Cleveland Clinic, em entrevista ao Medical News Today.

A doença cardiovascular aterosclerótica é responsável por uma obstrução e pode levar ao desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto do miocárdio.

Publicado em Arteriosclerose, Trombose e Biologia Vascular, a pesquisa ainda exemplificou que 1,1 porção de carne vermelha por dia pode aumentar o risco de ASCVD em 22%. Segundo Meng Wang, autora principal do estudo, também em declaração ao MNT, isso significa que três refeições por dia à base de carne vermelha podem elevar o risco de desenvolver a doença cardiovascular aterosclerótica a 82%.

O estudo também descobriu que a ingestão de carne vermelha produziu associações entre os níveis de glicose no sangue e insulina. Contudo, os pesquisadores ressaltaram que nenhuma associação entre pressão alta ou colesterol no sangue com ASCVD foi encontrada no consumo de carne.

“Nossas descobertas são consistentes com essas novas linhas de evidência e sugerem que componentes da carne vermelha como L-carnitina e ferro heme (que tem sido associado ao diabetes tipo 2) podem desempenhar um papel mais importante na saúde do que a gordura saturada e precisam ser melhor estudado”, destacou Wang.

Falar sobre o consumo de carne vermelha, que possui proteínas importantes, principalmente entre idosos, é delicado. Por isso, é preciso salientar que um médico deve ser consultado para que uma alimentação adequada e individual seja prescrita ao paciente. O atual estudo apenas reforça e apoia uma recomendação para uma dieta com peixes e aves como fontes de carne.

“Como a gordura saturada e o colesterol dietético têm sido tradicionalmente associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares por meio do impacto adverso nos lipídios do sangue, especialmente o colesterol LDL, este estudo adiciona descobertas que demonstram ainda mais razões pelas quais a carne vermelha tem outras influências no nível do microbioma. Isso apoia a lógica de por que isso pode se tornar um novo biomarcador de dieta e riscos relacionados ao estilo de vida”, observou a Dra. Linda Van Horn, chefe de nutrição do Departamento de Medicina Preventiva da Escola de Medicina Feinberg, da Northwestern, em Chicago. Ela não esteve envolvida no estudo, mas comentou as descobertas ao MNT.