Calor diminui o período de gravidez e aumenta a infertilidade masculina

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Estudo mostra que mais bebês nascem em dias quentes e apontou que a situação foi mais grave para mulheres negras, em comparação com as mães brancas

O aquecimento global pode estar diminuindo o tempo de gestação, de acordo com uma nova pesquisa publicada na revista Nature. Estudos anteriores haviam provado que a poluição leva a infertilidade masculina e pode até atravessar a placenta, mas essa foi a primeira vez que especialistas relacionaram que danos no meio ambiente podem reduzir o período de gravidez.
A análise foi realizada pelos norte-americanos Alan Barreca e Jessamyn Schaller, que analisaram dados sobre gestações ao redor do mundo, focando principalmente nos Estados Unidos. Eles compararam a taxa de natalidade de cidades diferentes e suas variações de temperatura.

O modelo compara as taxas de natalidade em um determinado dia quente em um município específico, com as taxas de natalidade no mesmo dia do mesmo município em outros anos em que aquela data não foi tão quente. Nos dias em que o termômetro atingiu 32 °C, as taxas de natalidade aumentaram em 0,97 nascimentos a cada 100 mil mulheres, em comparação com os dias em que a temperatura ficou entre 15 ºC e 21 ºC. No total, os nascimentos aumentaram cerca de 5% nos períodos mais quentes. Os cientistas também perceberam que, dois dias após as altas temperaturas, a taxa de natalidade foi de 0,57 a cada 100 mil nascimentos, permanecendo ligeiramente reduzida até duas semanas depois. Essas diminuições representam a ausência de nascimentos, evidência de uma mudança nas datas dos partos.

O estudo apontou que a situação foi mais grave para mulheres negras, em comparação com as mães brancas. Isso porque demorou mais tempo para que a taxa de natalidade voltasse ao normal entre as mães negras após os períodos mais quentes, sugerindo que seus bebês perdem mais dias de gestação devido ao calor. De acordo com os resultados do estudo se a terra continuar esquentando, até o final do século – em 2099 – cerca de 253 mil dias de gestação terão sido perdidos por ano, afetando quase 42 mil nascimentos, se as emissões de carbono continuarem altas.

Uma gravidez mais curta pode atrapalhar o desenvolvimento do feto enquanto ainda está no útero. Além disso, gestações mais curtas estão relacionadas com problemas de saúde em bebês prematuros e com dificuldades no desenvolvimento cognitivo dessas crianças.