Autistismo: síndrome que ainda precisa de muita informação para melhor atender

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Dois de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo – síndrome que afeta três importantes áreas do desenvolvimento humano: comunicação, socialização e comportamento. A data, comemorada desde 2008, foi definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que a população se informe e preste mais atenção ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Apesar da data oficial ser o dia dois, todo o mês de abril é dedicado à causa e é chamado de Abril Azul – justificado pela maior incidência da síndrome em meninos. Um em cada 88 nascidos no mundo são diagnosticados com esta condição neurológica e para cada quatro crianças do sexo masculino, uma é do sexo feminino.
Os primeiros estudos sobre o autismo foram divulgados pelo psiquiatra americano, Leo Kanner, em 1943. Entretanto, ainda não se sabe a causa, nem se há cura. Apenas existe tratamento. O único consenso mundial é que quanto antes se trata, melhores são as possibilidades de maior qualidade de vida. Atualmente, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.

 

A história de Yorrana
A adolescente sorridente Yorrana, tem 13 anos, e segundo o seu irmão, Cristiano Cardoso, foi diagnosticada já nos primeiros anos de vida com Síndrome de West e também Autismo. Cardoso, que acompanha atentamente os passos da irmã, monitorando a saúde dela, diz que é preciso ter muitos cuidados com o jovem autista.
“Ela toma alguns medicamentos, entre eles a vigabratrina, que é um medicamento antiepilético, usa fralda e começou recentemente tratamento de fonoaudiologia. Já fez fisioterapia e consulta com um neurologista. Muitos cuidados são necessários, principalmente no sentido de socialização, pois suas formas de comunicação e de comportamento são próprias e muitas vezes a sociedade não está preparada para esse entendimento”, diz.
Cardoso lembra ainda que o tratamento para o autismo não é barato, e que, o sistema público nem sempre é eficiente. “Existem diversos graus e tipos de autismo, sendo necessários tratamentos com diversos profissionais, como clínico geral, pediatra, neurologista fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, entre outros. Isso exige um alto custo financeiro e o acesso na rede pública nem sempre é eficiente. Muitas vezes, principalmente as mães, precisam judicializar, para que os filhos tenham garantido seu acesso”, lamenta.
Ainda de acordo com o jovem, falta uma melhor preparação da sociedade para lidar com o autista. “Além do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, é importante termos consciência da inclusão, pois não é o autista que deve se incluir na sociedade, mas sim a sociedade que deve estar preparada para inclui aqueles que são diferentes”, enfatiza.

Ações do dia
Em Bento Gonçalves, a Associação Pró-Autistas Conquistar (APAC) tem o diferencial de atender jovens e adultos autistas, na faixa etária entre 18 e 30 anos. De acordo com a coordenadora pedagógica, Cláudia Biazus, atualmente são atendidas 16 pessoas que sofrem com o transtorno. Nesta segunda-feira, 02, os alunos desenvolveram atividades pedagógicas. “Eles produziram cartazes sobre o dia mundial do autismo. O nosso objetivo é proporcionar uma melhor socialização deles, trabalhando atividades do dia a dia”, afirma.
Ainda segundo Cláudia, neste mês vai acontecer outras atividades em prol dos autistas. “Vamos fazer palestras nas escolas municipais para divulgar o nosso trabalho e também explicar sobre o autismo, mais especificamente sobre jovens e adultos autistas. Nossa ideia é ter uma parceria com escolas próximas ao bairro, como é o caso do Egídio Fabris e o Landell de Moura. É importante saberem que existe um lugar para jovens e adultos autistas”, salienta.
Outra instituição de grande importância no município é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Especial Caminhos do Aprender, que atende pelo menos 14 crianças entre 06 e 17 anos de idade. Os alunos sofrem com Transtornos Globais de Desenvolvimento, sendo portadores de: Autismo, síndromes ligadas ao espectro autístico, Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno Invasivo de Desenvolvimento.
De acordo com a diretora da instituição, Isabel Caon, o atendimento tem como objetivo promover o desenvolvimento integral do educando, complementando a ação da família e da comunidade, assegurando-lhe uma formação adequada para a inclusão na sociedade, promovendo o bem estar e o desenvolvimento do aluno em seus aspectos físico, psicológico, moral e social.
“Não existe uma “receita” para ensinar crianças e adolescentes com TEA. O trabalho pedagógico é feito individualizado de acordo com as características de cada um, com atividades da vida diária, jogos, brincadeiras e socialização sempre seguindo uma rotina. Nossos educandos têm um comprometimento nas relações sociais por terem TEA de grau moderado a grave”, explica.
A prefeitura, por outro lado, não fez nenhuma atividade para marcar o Dia Mundial de Conscientização. A Assessoria de Comunicação Social, no entanto, informou que o Centro de Referência Materno Infantil atende através da equipe de psicólogas e que a partir do fim deste mês, a equipe médica será treinada para aplicação do Protocolo do IRDI, já aplicado pelas psicólogas, para detecção precoce de risco psíquico em bebês, que também inclui o autismo.
Ainda segundo a assessoria da prefeitura, as psicólogas estarão acompanhando as consultas pediátricas. Já o CAPS I que atende na Rua Carlos Dreher Filho, 261, bairro São Francisco realiza o atendimento de pessoas com autismo de 2 a 18 anos. Os atendimentos psicológicos ocorrem individualmente ou em grupo. As psicólogas e assistente social estão realizando articulação para atividades na Escola Municipal de Educação Especial Caminhos do Aprender.

 

Descrições das condições e algumas características e sintomas na infância e adolescência