Atraso do MEC em enviar dados prejudica o ingresso de novos alunos nas universidades

2015-04-10_190211
Segundo os estudantes, o Ministério da Educação (MEC) não enviou para as universidades a lista dos alunos com direito ao financiamento.

O MEC não enviou dados de novos alunos com direito a ajuda para as universidades. Sem isso, as instituições não conseguem emitir documento para liberar o financiamento na Caixa.
Estudantes que dependem do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) ainda não conseguiram começar a estudar porque estão sem acesso ao documento que liberaria o recurso na Caixa Econômica Federal.
O programa oferece 100 mil contratos de financiamento em cursos de graduação em universidades privadas. O resultado dos selecionados saiu no dia 25 de fevereiro e os alunos precisam assinar o contrato até 10 de abril. No entanto muitos ainda não conseguiram destravar a burocracia.
Segundo os estudantes, o Ministério da Educação (MEC) não enviou para as universidades a lista dos alunos com direito ao financiamento. Sem isso, as instituições não conseguem emitir o Documento de Regularidade de Inscrição (DRI), um dos papéis exigidos pela Caixa Econômica Federal para fechar o contrato.
Em outros casos, os estudantes dizem que o atraso ocorre na migração de dados entre o MEC e a Caixa: os alunos até conseguem emitir o DRI, mas na Caixa, a informação não está atualizada.
Procurado, o MEC disse que o assunto deveria ser tratado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
A reclamação dos alunos ocorre em meio à crise no MEC, que já teve mais de dez demissões no alto escalão em três meses e se envolve em polêmicas e recuos que acabam travando as políticas de ensino do país. Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição responsável pelo Enem, foi um dos mais recentes exonerados do MEC. Ele disse que “não há diálogo entre os membros da pasta” e também declarou que, “em três meses de governo, não houve nenhuma reunião de trabalho com o ministro da Educação. Foi um processo muito ruim, que mostrou a incompetência gerencial muito grande”, disse.
Secretários estaduais já cobram prioridade da gestão. Em uma nota pública, eles listam as demandas mais urgentes, entre elas a permanência de programas de financiamento e a continuidade de avaliações de aprendizagem.

Entenda o caso
O resultado de aprovação nas universidades saiu no último dia 24 de fevereiro e até o dia 10 de abril, os alunos precisam assinar esse contrato para que possam usufruir do programa. O problema é que, quando chegam à universidade para a impressão deste documento, são informados de que o Ministério da Educação (MEC), ainda não enviou os dados dos novos alunos e, por isso, a impressão do documento não é possível. Quando a universidade consegue imprimir o documento, o aluno vai até a Caixa e enfrenta o mesmo problema: não há dados cadastrados dos novos alunos no banco.
O atendimento pelo MEC é feito através de um número 0800 e pelo site. Quando os alunos ligam para o órgão, são instruídos a entrarem no site e abrir uma demanda, o que, segundo alunos, não tem sido respondido. Várias universidades já estão em época de provas, atrasando assim, estes novos alunos.

Como está sendo tratada a questão em Bento Gonçalves?
Segundo Fernando Malheiros, Diretor da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves, a universidade tem tratado a questão com muito cuidado, a fim de não prejudicar a vida acadêmica de seus novos alunos. “Sabemos que é uma questão burocrática e federal, por isso, estamos possibilitando que todos os alunos assistam às aulas, enquanto a questão não se resolve. Todos os alunos novos ou os que estão renovando os contratos, estão tendo acesso ás aulas, com a condição de que se regularize a situação assim que possível. É um assunto que foge do nosso controle e não queremos causar nenhum prejuízo na vida acadêmica dos nossos alunos”, enfatiza Fernando.
A Pró-Reitora Acadêmica do Centro Universitário Uniftec, de Bento Gonçalves, Débora Frizzo, diz que, a procura em Bento Gonçalves não foi grande em relação ao FIES. “Tanto em Bento, quanto em Caxias, não tivemos grande procura para o ingresso pelo FIES, mas é constatada a lentidão no sistema para a confecção do documento. Os alunos que não estão conseguindo o ingresso agora, terão nova chance em maio sem ter prejuízo nenhum, afirma Débora.
No Campus Universitário da Região dos Vinhedos, os alunos não estão tendo problemas para efetuar o contrato do FIES, conforme Leonardo Roth, Supervisor da Divisão de Registro Acadêmico. “Trabalhamos de forma a ajudar o aluno com essa situação. Se o aluno não consegue emitir o contrato, a própria universidade abre uma demanda no site do MEC para ajuda-lo a resolver a questão. Não temos alunos fora da sala de aula por falta do Documento de Regularidade de Inscrição e acreditamos que não teremos, pois ainda há prazo para a confecção do documento”, afirma Leonardo.
Procurada para comentar sobre os fatos, a Coordenadora dos Cursos Superiores da FSG, Karine Callegari, não se pronunciou até o fechamento desta edição.