Até o final de Julho, 11 suicídios são registrados

2015-04-10_190211

Durante todo o mês de setembro, ao redor do Brasil e de muitos outros países do mundo, acontecem diversas ações promovidas pelo Ministério da Saúde, em combate ao suicídio, integrando o Setembro Amarelo.
Neste ano, as ações enfatizarão a importância da prevenção do suicídio, principalmente em atenção especial ao bem-estar e saúde mental de crianças e adolescentes, que atualmente integram o grupo com maior incidência dos casos.
De acordo com o Ministro Luiz Henrique Mandetta: “Vamos focar nesta questão dos jovens, tanto na questão do suicídio quanto das tentativas, procurando alternativas de políticas públicas indutórias”.
Em Bento Gonçalves, de acordo com a Vigilância Epidemiológica, em 2018 ocorreram 12 suicídios e em 2019, até o mês de julho 11 pessoas já tiraram a própria vida.
De acordo com as análises da Vigilância Epidemiológica de Bento, entre 1979 e 2015, 287 homens e 64 mulheres se suicidaram no Município, sendo o enforcamento o método utilizado em 54,3% dos casos.
O Ministro Mandetta ressaltou na oportunidade que o aumento do suicídio entre os jovens é um fenômeno mundial que, nos últimos anos, vem causando crescente preocupação também no Brasil. Ele aponta a internet como um dos fatores que acabam deixando os jovens mais frágeis e vulneráveis: “os jovens brasileiros, que estão entre os que passam mais tempo conectados à internet, têm dificuldade para lidar com a confusão entre o mundo online e as exigências e frustrações cotidianas do mundo fora da rede mundial de computadores”, o que para ele acaba gerando ansiedade e enfraquecendo os vínculos sociais.
O alcance e imediatismo das redes sociais podem potencializar questões que sempre causaram mal-estar entre os jovens, acredita Mandetta, que afirma: “O bullying, por exemplo. Na minha geração, era algo circunscrito. Ficava limitado a uma sala de aula, ao pátio do colégio e, de alguma maneira, as pessoas faziam seus rearranjos. Hoje, com a internet, o bullying às vezes ganha uma escala nacional”, disse o ministro. “Este é o pano de fundo para o grande drama que esta geração enfrenta.
O Ministro defende que a forma mais eficaz de proteção das vítimas do suicídio é ação conjunta dos profissionais de saúde e de educação, ele esclarece que além do suicídio outros temas de saúde mental devem ser tratados, entre todas as faixas etárias, com naturalidade e instrução. “Assuntos como depressão, ansiedade e os cuidados com a saúde mental têm que ser incluídos na agenda. Temos que dizer que a depressão existe e que não se trata apenas de um estado de melancolia. Precisamos desmistificá-los, abordá-los como outros assuntos de saúde, como a hipertensão ou a diabete e valorizar a vida”,
O Setembro Amarelo tem como principal objetivo levar informações sobre os sinais de doenças psíquicas, além de sensibilizar e conscientizar a população, busca a redução dos altos índices de suicídios.

Ações em Bento
O suicídio é tratado diariamente pelo setor de saúde mental, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, e durante o mês de setembro, em cada um dos locais que têm atendimento psicológico no município será feito um trabalho extra nas salas de espera.
Além dos atendimentos, haverá uma sessão de cinema no dia 13, a partir das 14h na Fundação Casa das Artes. O evento é uma parceria entre CAPS II, CAPS ad e CAPS i e a Fundação Casa das Artes.
O evento onde será exibido o filme Intocáveis é direcionado aos usuários dos serviços de saúde mental, seus familiares e usuários dos grupos de saúde mental das Unidades Básicas de Saúde e Estratégia Saúde da Família do Município.

Dados no Estado
O Rio Grande do Sul apresenta a maior taxa de suicídio do país, tendo registrado em 2017 mais de 1,3 mil mortes autoprovocadas. De acordo com a Datasus o estado apresenta uma média de dez casos confirmados para cada 100 mil habitantes, dos 20 municípios brasileiros que têm os mais altos índices, 11 são gaúchos.

Sinais de Alerta
O Ministério da Saúde garante que não há receita para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Mas uma pessoa que está passando por um grande sofrimento pode apresentar alguns sinais podem ajudar aos familiares e amigos próximos a identificarem e ajudarem a pessoa que está passando por um momento de crise.
Fique atento caso a pessoa apresente algum problema de conduta ou manifestações verbais durante no mínimo duas semanas, as manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança, as pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro, essa visão pode ser apresentada de forma escrita, através de músicas, ou até mesmo por meio de desenhos.
Algumas frases merecem muita atenção, são elas: “Vou desaparecer”; “Vou deixar vocês em paz”; “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”; “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”.
As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, muitas vezes não atendem a telefonemas, interagem menos nas redes sociais, querem ficar sempre em casa, muitas vezes só no quarto, reduzem ou cancelam todas as atividades sociais, até mesmo aquelas que gostavam muito de fazer.
O Ministério da saúde aponta outros fatores como: exposição ao agrotóxico; perda de emprego; crises políticas e econômicas; discriminação por orientação sexual e identidade de gênero; agressões psicológicas e/ou físicas; sofrimento no trabalho; diminuição ou ausência de autocuidado; conflitos familiares; perda de um ente querido; doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que podem tornar a pessoa mais vulnerável.Ainda que os sinais não possam ser considerados como determinantes para o suicídio isoladamente, devem ser levados em consideração, pois muitas vezes o acumulo deles pode sim levar alguém a tirar a própria vida.

Como ajudar?
Diante de uma pessoa sob risco de suicídio, você pode ajudar de algumas formas, incialmente encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Dê o seu ouvido para esta pessoa, sem julgamentos, apenas a deixe saber que pode contar com você, que ela não está só.É muito importante que você a incentive a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.
Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.Se a pessoa que te preocupa vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte, como pesticidas, armas de fogo ou medicamentos em casa.Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.

Onde buscar ajuda?
Serviço de Atendimento Psicossocial – CAPS II – (54) 3454-5118;
Centro de Valorização da Vida – 188;
Unidades Básicas de Saúde como Saúde da família, Postos e Centros de Saúde.