Após três anos de alta, alimentação em casa teve deflação em 2023, segundo IBGE

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Os alimentos no domicílio sofreram deflação em 2023 depois de três anos de alta, impactando assim a população mais pobre. Politicamente, o resultado favorece o presidente Lula, que prometeu na campanha eleitoral a redução do preço dos alimentos, especialmente da picanha. As carnes tiveram redução de 9,37%.

 

De acordo com os dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira, o resultado do grupo Alimentação e bebidas (1,03%) foi influenciado pela queda nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%). Destaque para óleo de soja (-28,00%), frango em pedaços (-10,12%) e carnes (-9,37%). De acordo com o IBGE, os preços do óleo de soja recuaram em dez dos 12 meses de 2023. Os preços das carnes e do frango em pedaços caíram de janeiro a setembro e, a partir de outubro, retornaram a registrador alta.

– Em 2022, os alimentos fecharam com alta de 13,21%, em 2021 de 8,23% e em 2020 de 18,16%. Ou seja, esta deflação é um grande colapso no bolso – relembra o professor Luiz Roberto Cunha, da Puc-Rio

Diante de tantas altas, 2023 foi um modesto contraponto. Ou seja, apenas “parou de piorar”.

– A Alimentação foi a inflação da inflação do ano passado. Se não fosse por essa queda, teríamos um IPCA mais forte – explica André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre.

A super safra de 2023 que foi responsável pela queda do preço, este ano, não deve se repetir. O ano passado já sofreu algum reflexo dos efeitos climáticos, especialmente as chuvas no Sul. Em 2024, os efeitos do El Niño nas plantações poderão atrasar o plantio e a colheita. Então, alguns economistas já projetam que a inflação de alimentos será de 4%. De acordo com dados divulgados quarta-feira pelo IBGE, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve somar 306,5 milhões de toneladas, uma queda de 2,8% frente a 2023 (8,9 milhões de toneladas).

– Mesmo com esta redução, seria a segunda maior safra histórica. O Brasil está sob efeito do El Niño, que, por enquanto, está previsto que seja moderado, o que não deve comprometer muita coisa em relação à produção agrícola. Mesmo assim, este cenário de deflação não deve se repetir. Então saímos de -0,5% para algo em torno de 4,2% na inflação de alimentos, o que ainda é um comportamento benigno, pois é um número abaixo da série histórica, que depois da implantação de regime de metas fica em torno de 7% – explica o economista Ricardo Barboza, pesquisador associado ao FGV Ibre.