Bento não tem casos confirmados da doença há uma década
O sétimo caso de sarampo no Rio Grande do Sul em 2018 foi confirmado na última semana. O fato aconteceu em Vacaria, não muito longe de Bento Gonçalves. Uma mulher de 29 anos, moradora da cidade, teve contanto com um dos casos em Porto Alegre e acabou infectada.
De acordo com o Enfermeiro José Antônio Rosa, Coordenador da Vigilância Epidemiológica de Bento Gonçalves, apesar do município não ter casos confirmados da doença na última década (foram investigados mais de 50 casos suspeitos da doença, sendo todos descartados), existe risco do sarampo chegar à cidade.
“É necessário considerar que todos os municípios que recebem turistas de todas as partes do Brasil e do mundo, ou cuja população viaja para outros países e estados têm, em princípio, a possibilidade de encontrar casos importados da doença”, avalia. “É o que se tem verificado no país e, particularmente, no Rio Grande do Sul, onde todos os casos de sarampo de 2018 têm algum tipo de vínculo epidemiológico entre si”, observa o enfermeiro.
Rosa saliente a necessidade de, sempre que ocorrer um caso suspeito nos municípios, que seja notificado à Secretaria da Saúde, de forma oportuna, “a fim de que se possam iniciar as medidas de controle necessárias à contenção de um surto”, indica.
Imunização
A vacina contra o sarampo (tríplice viral que combate também a caxumba e a rubéola) é oferecida na rede pública de saúde e a indicação do Ministério da Saúde é a primeira dose aos 12 meses (conforme consta no Calendário Nacional de Vacinação). É imprescindível observar a data da vacina para não perder o prazo. Segundo a presidente da Associação das Escolinhas Particulares, Cristiane Ramos, é obrigatória a apresentação da caderneta na hora da matrícula da criança.
O mesmo vale para a rede municipal, onde o documento é exigido sempre no ato da matrícula e da rematrícula nas escolas públicas municipais infantis e do ensino fundamental a carteira de vacinação em dia com o comprovante de atualização das vacinas.
Epidemia de sarampo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está alertando sobre a epidemia de sarampo que está ocorrendo em diversos países da América, da Europa e da Ásia. Na Europa e na Ásia, a doença tem sido confirmada na Alemanha, França, Grécia, Itália, Polônia, Portugal, Suíça, Romênia, Ucrânia, no Japão e Rússia.
A dimensão da epidemia está bem maior na Itália, onde já foram registrados mais de 4 mil casos da doença, desde o ano passado. Na Rússia, onde acontece a Copa Mundial de Futebol – 2018, já foram notificados mais de 500 casos de sarampo.
Nas Américas, onde a doença estava erradicada desde setembro de 2016, no ano passado foram confirmados 895 casos, sendo todos considerados como importados. Contudo, em 2018, até o final de maio, Antígua e Barbuda, Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru e Venezuela já registraram, juntos, 1.115 casos. Este último já concentra 904 casos de sarampo.
Brasil
A vacina no país é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde e o ideal é que ela seja aplicada até 15 dias antes da pessoa viajar. Mesmo assim, já foram diagnosticados 351 casos, distribuídos nos estados de Roraima, Amazonas, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Na quinta-feira (05), o Amazonas confirmou a primeira morte pela doença desde Março. . Um bebê de 7 meses que ainda não havia sido vacinado morreu no último dia 28 após apresentar sintomas como febre, manchas na pele, tosse e coriza. A criança morava na área limite entre as zonas Norte e Leste, onde se concentram a maior parte dos casos notificados e confirmados.
Há ainda outra morte em investigação em Manaus – uma menina de 9 meses que também não havia sido imunizada. Neste caso, não foi feita a coleta de sangue para sorologia, por isso a confirmação deve demorar um pouco mais.
Rio Grande do Sul
No Estado, os últimos casos da doença tinham sido registrados em 2011, todos com história de contato com viajantes do estrangeiro que estavam doentes. Entretanto, no ano passado foram registrados 7 novos casos e importados da doença, em Porto Alegre, São Luiz Gonzaga e Vacaria.
Neste ano, a primeira notificação de sarampo aconteceu em março, em uma criança de 1 ano que não havia sido vacina e que vive em São Luiz Gonzaga. O bebê se contaminou em uma viagem à Europa.
A segunda confirmação foi uma estudante de 25 anos, de Porto Alegre, que esteve em Manaus, onde também há surto de sarampo. Em seguida, quatro moradores de Porto Alegre vinculados à estudante testaram positivo para sarampo.
Movimento antivacina
Doenças que haviam sido erradicadas podem ter voltado a circular no planeta devido ao aumento do alcance do movimento antivacina, que é formado por pais que se recusam a imunizar os filhos. Apesar de ser noticiado como algo novo, há cerca de duas décadas um estudo foi publicado na evista científica The Lancet e incentivou os pais a temerem a vacinação. A publicação dizia que oito crianças portadoras de autismo haviam manifestado os sintomas após tomarem a vacina tríplice viral. O responsável pelo estudo, o médico britânico Andrew Wakefield, foi desmascarado posteriormente.
O Sarampo
É uma doença infectocontagiosa grave causada por um vírus (Morbilivirus) que é transmitido pelas secreções respiratórias e provoca inflamação generalizada nos vasos sanguíneos. A vacina foi descoberta por volta de 1960. O período de incubação do vírus varia entre 10 e 18 dias.
Sintomas
De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, qualquer indivíduo que apresentar febre e manchas no corpo acompanhadas de tosse, coriza ou conjuntivite deve procurar os serviços de saúde para investigação – principalmente aqueles que estiveram recentemente em locais com circulação do vírus.
Casos suspeitos devem ser informados imediatamente às secretarias municipais ou por meio do Disque Vigilância 150.
Cuidados
O enfermeiro José da Rosa recomenda às pessoas que nunca foram vacinadas, ou que não lembram de ter feito a vacina contra o sarampo, que façam a aplicação da vacina tríplice viral que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba.
“Se forem viajar, a vacina deve ser aplicada, pelo menos, 15 dias antes da viajem para qualquer um dos países e estados com epidemia de sarampo”, pontua.
São considerados vacinados
– pessoas de 12 meses a 29 anos que comprovem duas doses de vacina com componente sarampo/caxumba/rubéola;
– pessoas de 30 a 49 anos que comprovem uma dose de tríplice viral;
– profissionais de saúde, independentemente da idade que, comprovem duas doses de tríplice viral.