A Igreja Santa Maria Goretti foi construída em mutirão há 57 anos. O bairro Maria Goretti é um dos mais antigos de Bento Gonçalves, a primeira edição da festa para a Santa ocorreu em 2 de agosto de 1953, com procissão solene saindo da Igreja Matriz Santo Antônio até o local onde seria, mais tarde, concretizado o sonho da construção da capela, numa área de 1.800 metros quadrados, doada pela Congregação das Irmãs Carlistas. A missa campal e a bênção da pedra fundamental da igreja Santa Maria Goretti marcaram o início da história que envolveu as famílias do bairro. A padroeira foi escolhida por sugestão do padre Luiz Mascarello, em homenagem à Santa Maria Goretti. No dia 14 de julho de 1963 foi inaugurada a igreja, de 286 metros quadrados de área construída, em estilo gótico, e capacidade para 120 fiéis, coroando o trabalho voluntário de inúmeras pessoas, entre elas Emílio Primo Pozza, Maximiliano Ducatti e Bruno Zago, os primeiros fabriqueiros. O templo foi edificado e mobiliado pelos moradores da comunidade, através de várias ações como a promoção das festas que aconteciam, inicialmente ao ar livre, de rifas e mutirões para a obra.
As moças e senhoras da comunidade faziam bolos e pudins, entre outros quitutes, para leilões e comercialização nos eventos. O lucro era revertido em fundos para a obra da igreja. Posteriormente, a tradição continuou com as famílias do bairro, preparando e doando pudins para a festa. Além da festa e das rifas para a arrecadação de dinheiro, as famílias contribuíam mensalmente para as compras de materiais de construção. Mesmo após a finalização da obra, os moradores continuaram trabalhando a fim de ampliar o espaço. No início da década de 1970, contribuíram financeiramente para a aquisição de mais uma área com 3.132 metros quadrados, ampliando o terreno para 4.932 metros quadrados, visando a instalação do salão comunitário, construído inicialmente em madeira. No início da década de 80 começou a ser construído um novo salão, de alvenaria, concluído em 1989.
Toque do sino para aviso de morte no bairro: tradição que perdura nos dias de hoje
Antigamente as igrejas geralmente eram construídas nos lugares mais elevados das localidades. As casas eram construídas distante umas das outras. O toque do sino era um meio de comunicação. O sino, situado no alto, era facilmente ouvido e anunciava as festas, missas e as mortes. A Igreja Santa Maria Goretti é uma das poucas de Bento Gonçalves que mantém viva essa tradição. Quando falece algum morador do bairro, o toque característico alerta os moradores. O sino também é tocado quinze minutos antes das missas celebradas na igreja. O sino foi tocado por 40 anos por Luis Zattera, um dos primeiros moradores do bairro. Ele também ajudou na construção da igreja, carregando e descarregando pedras para a obra, levadas de carroça pelo também morador Ernesto Possamai. Há 17 anos, o sino é tocado pelo empresário Azir Zanetti, coordenador da comunidade Santa Maria Goretti. “Quando morre um homem, são doze badaladas. Quando é uma mulher, são nove e quando é criança, são seis. Os toques com os badalos são feitos em intervalos de cinco segundos”, explica Zanetti, que sobe três lances de escadas para prestar o serviço.