2021 chegou. E agora?

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Neste artigo de Sonia Favaretto | SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU e especialista em Sustentabilidade, uma análise clara do que podemos esperar deste ano de 2021

É inevitável que nestes primeiros dias de 2021 se pense sobre as perspectivas para o ano. Se bem que parece que estamos numa sequência. 2020 foi tão intenso e seus efeitos seguem tão presentes que, às vezes, tem-se a sensação de estar em 2020 . Mas, não. Chegou 31 de dezembro de 2020. Passamos para um novo ciclo que, esperamos, nos traga um pouco menos de susto e recuperação.
Há publicado muitas análises sobre o que este novo ano nos reserva, especialmente em termos de sustentabilidade. Parece difícil que 2021 supere os avanços do seu antecessor, mas vamos trabalhar fortemente para isso! 2020 foi um divisor de águas.
Transformou o “ESG” (Ambiental, Social e Governança Corporativa, na sigla em inglês) em um termo popular. Colocou a pauta da sustentabilidade nas mesas dos CEOs e CFOs e nas salas dos conselhos de administração. Fez gestores de recursos criarem áreas especializadas no tema e escolas de negócios ampliarem suas ofertas de cursos.
E por que todo esse movimento? Porque a pandemia explicitou, da forma mais cruel possível, o que sabemos no meio há muito tempo: que fatores ESG impactam no mundo econômico, para o bem e para o mal (por isso “EESG”, acrescentando o “E” do econômico à tradicional sigla). Vivemos uma crise de saúde, que escancarou nossas fragilidades e nos tornou mais humanos.

O elemento humano
será uma marca
de 2021
Essa, aliás, é a primeira característica que se destaca de todas as previsões que se tem publicado: o elemento humano será uma marca de 2021. Líderes empáticos, guiados por valores e propósito, serão cada vez mais requisitados e valorizados.
Eles são mais capazes de mobilizar e engajar seus públicos de relacionamento – funcionários, clientes, parceiros – que emergem modificados de uma crise sem precedentes, questionando suas prioridades e com forte sentimento de “Qual o sentido do que fazemos”?
Absolutamente conectada com esse cenário, vem a segunda unanimidade das análises: o ambiente de trabalho nunca mais será o mesmo; avançamos várias casas neste jogo em 2020. Você já sabe: o home office veio para ficar. O desafio agora é criar um modelo “híbrido” eficaz após quase um ano dos times trabalhando de suas casas. Lembrando sempre: a Covid-19 também foi – e segue sendo – uma prova de fogo para o propósito das empresas. A lente de todos os públicos sobre esse aspecto estará mais do que calibrada em 2021.
As minhas fontes também apontam para o incremento da inovação e para o surgimento de modelos de negócios disruptivos.
Não teve jeito, 2020 forçou o mundo a inovar. Surgiram novas ideias e propostas, o on-line dominou, as parcerias se mostraram ótimos caminhos, empresas não óbvias abriram capital nas bolsas de valores.
Quem segue campeão de audiência em 2021, ainda bem, é a diversidade, em todos os seus matizes. Muito falamos sobre a importância de promovermos a inclusão das chamadas “minorias” em cargos de liderança e conselhos de administração no ano que passou. Foi um período de debate, exposição do tema e algumas iniciativas. 2021 virá cobrar mais ação, seja por parte de investidores, reguladores, sociedade. De mim e de você.

Questões sociais,
ambientais e de
governança
Fechando esse “Top 5” de tendências para 2021, não poderia faltar o incremento da agenda ESG. O desafio de provar o valor concreto de se inserir questões sociais, ambientais e de governança na gestão empresarial estará fortemente em pauta. E teremos o apoio valioso dos investidores neste caminho. Todos os estudos indicam que eles estarão ainda mais ativos, cobrando de suas empresas investidas uma atuação consequente e consistente pelo desenvolvimento sustentável e pressionando via voto em assembleias.
É claro que qualquer tentativa de resumir as tendências para o ano será imprecisa e incompleta. Mas esses cinco tópicos parecem um bom resumo do que 2021 nos trará: Elemento Humano, Novas formas de trabalho, Inovação / Disrupção, Diversidade e Incremento da Agenda ESG.
Um importante material que reforça essas perspectivas foi lançado no final de 2020 pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, em comemoração aos seus 25 anos de fundação. Trata-se da Agenda Positiva de Governança, conteúdo desenvolvido a várias mãos que sugere medidas em seis pilares a serem tomadas pelos líderes empresariais. Vejam que bela agenda positiva:

Ética e Integridade
Diversidade e Inclusão
Ambiental e Social
Inovação e Transformação
Transparência e Prestação de Contas
Conselhos do Futuro
Do Brasil para o mundo, o comunicado da reunião de cúpula do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) realizada de forma virtual em novembro de 2020, o “G-20 Riyadh Summit, diz: “Temos o compromisso de liderar o mundo na formação de uma era pós-COVID-19 forte, sustentável, equilibrada e inclusiva”. Vale ler todo o documento, que fala dos desafios que enfrentaremos neste ano que chega impactado por uma pandemia devastadora:
Por fim, tudo “o que” faremos em 2021 será baseado no “como” faremos. Por isso, atitude é crucial. Os líderes precisam ser inspiradores e estarem conectados também com os anseios das novas gerações que, inclusive, a cada dia assumem mais cedo os postos de comando. Reparou como os presidentes de empresa nunca foram tão jovens?
Um estudo conduzido pelo The Forum of Young Global Leaders, Global Shapers Community (criados pelo Fórum Econômico Mundial) e Accenture, “Seeking New Leadership” propõe o “Modelo dos Cinco Elementos de Liderança Responsável”, criado a partir de entrevistas com mais de 20 mil pessoas no mundo, no final de 2020. Vejam que belo mix de competências para um líder (na verdade, para todos!):
Inclusão de Stakeholders
Emoção e Intuição
Missão e Propósito
Tecnologia e Inovação
Intelecto e Percepção
Bom, é isso.
Temos 11 meses e meio pela frente. Movidos pela esperança de uma vacina muito em breve, esperançosos com governanças que priorizam as questões ESG e motivados pelo bem maior: a saúde de estarmos aqui para escrever essa história. Feliz 2021!
Por Sonia Favaretto | SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU e especialista em Sustentabilidade