Montante representa 30% da faixa etária, quase quatro vezes a população do Uruguai
De acordo com levantamento, 30% dos adultos jovens até 29 anos de idade não trabalham nem estudam no Brasil. A porcentagem indica uma soma de 12,3 milhões de brasileiros, uma população que supera muitos países, como Portugal e Bélgica, por exemplo. Em comparativo com um vizinho próximo, é quase quatro vezes a população do Uruguai.
Este é o levantamento realizado pela consultoria IDados, até o segundo trimestre de 2021. Este grupo vem sendo chamado nos ciclos sociais e rodas de debate de “nem-nem”, abreviação direcionada às pessoas que nem estudam nem trabalham.
O número de nem-nem teve um salto durante a pandemia, em 2020. Em 2021, os números recuaram um pouco, mas continuam acima do nível pré-covid 19. São quase 800 mil pessoas a mais ante o primeiro semestre de 2019 – quando o grupo representava 27,9% dos jovens até 29 anos. O problema é que desde 2012 o número está em crescimento. Naquela época, os nem-nem eram 25% da faixa etária (ou 10 milhões).
Além da questão econômica, que representa um investimento do Estado em Ensino Público que não está sendo visto no mercado de trabalho, tem também o lado individual de cada um dos jovens, sem experiência.
A cada ano, novos estudantes se formam e não conseguem ser absorvidos no mercado, o que cria um bolsão de nem-nem. Sem emprego nem renda, eles não conseguem estudar e muitos param no meio do caminho. Sem terminar a faculdade numa fase de recessão, pode gerar reflexos para toda a vida profissional. Os que conseguem emprego podem ter salários mais achatados comparados a quem se forma durante a expansão econômica.
Mesmo para quem já conseguiu emprego, a crise é um problema, porque pune primeiro os mais jovens, que têm menos experiência e recebem menos. As empresas preferem garantir a permanência dos profissionais especializados e de difícil contratação. Sem contar que os mais jovens representam um custo menor na rescisão.