Situação de 76 trabalhadores do moinho da Isabela será decidida na Justiça

2015-04-10_190211
Trabalhadores e patrões em reunião no Sitracom BG

Os 76 funcionários que trabalham na obra do novo moinho da Isabela que foram dispensados após o final das férias coletivas, no início do mês de janeiro, sem indenizações e com a retenção de seus documentos, tentaram um acordo com a empresa para solucionar o impasse, mas foram ignorados.
O grupo não recebe seus pagamentos desde dezembro de 2017 e tem integrantes que residem em diversas cidades da região. As empresas S&N Engenharia e M. Dias Branco Isabela não se dispuseram a viabilizar uma saída para a situação e abandonaram os trabalhadores sem nenhum ressarcimento.
Diante da negativa das empresas em buscar uma solução negociada, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG) vai buscar na Justiça do Trabalho os direitos desses trabalhadores.
Os funcionários, segundo um dos seus representantes, Felipe da Silva, vem enfrentando grandes dificuldades em função da situação gerada. “Todos aqui têm famílias e precisam pagar aluguel. Fomos abandonados pelas empresas que ficam empurrando a responsabilidade e que não têm nenhum compromisso com as pessoas que contrataram e que trabalharam para levantar o moinho”, comentou Silva.
O vice-presidente do Sitracom BG, Ivo Vailatti, destaca que eles foram dispensados através de uma carta informando que o contrato de prestação de serviços seria rescindido. “Em seguida houve uma tentativa de negociação para os pagamentos atrasados, mas as empresas não demonstraram interesse”, disse Vailatti.
O sindicato chegou a participar das mobilizações dos trabalhadores na empresa Isabela para tentar reverter a situação, mas as empresas responsáveis pelos trabalhadores se mantiveram irredutíveis. “Foram muitas as tratativas envolvendo a S&N Engenharia e a M. Dias Branco Isabela para que houvesse um acordo e que se resolvesse a situação dos trabalhadores. A proposta do grupo, que o Sitracom BG intermediou era apenas pelo valor da rescisão, mas as empresas não quiseram nem mesmo isso”, denuncia Vailatti.
O sindicalista Arcelo Rossini lembra que o sindicato acompanhou de perto toda a mobilização dos trabalhadores e deu todas as orientações para a formação de uma comissão de negociações.
Tentamos tudo o que foi possível para que o grupo tivesse uma chance de receber seus direitos, mas como sempre o capital se recusa a ouvir quem produz”, analisa Rossini. Para ele houve má vontade por parte das empresas em viabilizar uma solução. “A obra foi feita, o trabalho foi feito. Agora elas se escondem atrás da segurança jurídica da reforma trabalhista para abusar dos trabalhadores. Essa é a reforma defendida pelos senadores Lasier Martins e Ana Amélia Lemos para aumentar os ganhos dos mais ricos em cima dos mais pobres”, denuncia.
Diante desse quadro, o Sitracom BG questiona:
Qual foi o crime cometido pelos trabalhadores?
Pois o crime foi o trabalho e a punição foi a demissão sem direito a nada. Sem lugar para morar e nem mesmo comida.
E se um desses trabalhadores tivesse que roubar comida para alimentar sua família. Certamente seria preso. Mas e os donos das empresas que estão roubando essas pessoas não deveriam também ser punidos?