Salve as suas orquídeas com esta UTI prática

2015-04-10_190211

Mesmo os orquidófilos mais experientes, muitas vezes se deparam com orquídeas doentes, que foram atacadas por pragas, como cochonilhas ou lesmas, ou infectadas por fungos e bactérias, que as deixaram com poucas raízes e folhas saudáveis, impedindo-as de prosperar. Essas orquídeas, em muitos casos estão condenadas à morte, principalmente se deixadas sem cuidados especiais. Mas com a utilização da técnica da UTI podem ter suas chances de sobrevida muito ampliadas. A taxa de recuperação pode chegar a 70%, ou seja, para cada 10 orquídeas doentes colocadas para se recuperar, 7 se recuperam completamente e voltam a crescer e florescer.
Esta técnica serve para diferentes espécies de orquídeas. Os critérios para a colocação na UTI são:Folhas e pseudobulbos amolecidos e sem viço ou;Folhas com manchas fúngicas ou bacterianas;Raízes seriamente comprometidas com perda total ou quase total.
Orquídeas doentes que apresentam uma boa proporção de folhas e raízes saudáveis não devem ir para a UTI de orquídeas, pois podem ser tratadas sem perder a “rustificação” do ambiente natural.
Da mesma forma, orquídeas com doenças virais também não são candidatas à UTI de Orquídeas. Como estas doenças são sistêmicas, não tem tratamento e são transmissíveis, recuperar uma orquídea assim é contra indicado, uma vez que ela permanecerá como um foco de doença para todo o orquidário e para o meio ambiente. Lembrando que doenças virais são silenciosas, e mesmo que a plante aparente estar recuperada, ela provavelmente estará incubando a doença, e pode levar até mais de 20 anos para apresentar os sinais.
Preparação da Orquídea:
1. Após uma criteriosa avaliação da orquídea, efetue uma limpeza profunda, removendo todo o substrato aderido às raízes, assim como sujidades aderidas às folhas. Alguns orquidófilos zelosos fazem a limpeza com uma escova de dentes macia, água e sabão.
2. Após a limpeza, você pode efetuar a poda. A poda é parte fundamental do processo, uma vez que ela objetiva eliminar as partes doentes da planta, para que a doença pare de avançar e sua orquídea tenha chances de se recuperar.
3. Raízes apodrecidas devem ser completamente removidas. O principal critério aqui é a textura. Se o velame estiver quebradiço e se soltando das raízes, esta parte pode ser totalmente removida. Onde a raiz estiver firme, túrgida, independente da cor, é possível que haja vida, e esta raiz deve permanecer na planta. Assim, mesmo que a cor esteja parda ou com pintas negras, a raiz ainda pode estar saudável e com potencial de recuperação, desde que esteja bem firme.
4. Os rizomas, folhas e pseudobulos com partes mortas ou manchas devem ser cortadas também. Tente preservar o máximo de folhas na planta, pois é através da fotossíntese destes órgãos que ela produzirá energia para a recuperação. Corte uma mancha fora com uma margem de segurança, mas não corte folhas apenas por que estão murchas. Folhas murchas apenas estão desidratadas e devem ser preservadas.
5. Borrife as raízes da planta com uma solução de Cálcio solúvel, como Forth Equilíbrio na proporção de 6 ml para 1 litro de agua. O cálcio vai equilibrar o pH das raízes, nutrir a planta com este elemento e facilitar a absorção dos demais nutrientes.
6. Se necessário, aplique fungicida sobre a planta doente, mas cuidado. Lembre-se que biocidas podem ser tóxicos tanto para orquídea, quanto para os seres humanos, mas principalmente para as micorrizas que vivem no velame e são importantes para o equilíbrio e crescimento das raízes. Aplique pó de canela em todos os cortes efetuados. A canela é cicatrizante, fungicida e bactericida natural. Reserve.

Preparação da UTI:
É normal que apareçam gotículas de água condensada no interior da garrafa. Foto de Ivan Radic
Precisaremos de um “quarto”, onde sua orquídea terá calor, umidade e luz na quantidade ideal para a recuperação. Além disso, este ambiente especial vai protegê-las de futuras contaminações, assim como pragas e doenças oportunistas.
1. Recorte ao meio uma garrafa pet transparente. Pode ser uma garrafa de refrigerante ou até mesmo uma galão de água de 5 litros, dependendo do tamanho da orquídea que vamos recuperar.
2. Lave muito bem a garrafa por dentro e por fora.
3. Depois do corte, pode ser difícil fazer uma parte da garrafa encaixar novamente na outra. Assim, para facilitar este encaixe, nós vamos arrendondar as bordas da parte inferior da garrafa próximo ao fogo do fogão. Ligue o fogo e deixe baixo, e vá girando a garrafa a uma distância de 20 cm das chamas. Tenha cuidado, se você aproximar demais, sua garrafa pode perder a forma. Assim que as bordas se arrendondarem está pronto. Teste o encaixe e mantenha a garrafa fechada para evitar contaminação.
4. Para a borda emborcar, você deve girá-la sob a boca do fogão, mantendo uma distância de 20 cm das chamas. Se estiver perto demais, enrugará muito, o que dificultará o encaixe da planta.
5. Vá girando constantemente, assim a borda ficará uniforme, depois de dar uma leve emborcada nas bordas, basta encaixar a parte superior.

Prepare o Leito:
Musgo esfagno desidratado natural. Foto de Belinda
A cama onde sua orquídea ficará é composta por musgo esfagno esterilizado. Que ajudará a manter a umidade tanto no ambiente dentro da UTI como nas raízes. O esfagno também dará estabilidade para que a orquídea não fique solta dentro da garrafa.
1. Compre musgo esfagno natural desidratado, aquele com tom creme rosado. Eles podem ser adquiridos em floriculturas e garden centers. Não utilize musgos coloridos, próprios para a ornamentações.
2. Coloque o musgo em uma panela e adicione água até dois dedos acima do musgo, para que ele fique imerso por igual. Após a fervura, deixe por 5 minutos e então desligue o fogo.
3. Assim que o musgo amornar, remova-o da panela e esprema todo a água.
4. Em um litro de água fervida, adicione 5ml de um fertilizante enraizador, como o Forth Enraizador. Este fertilizante além dos nutrientes essenciais tem algas marinhas que favorecem o enraizamento.
5. Deite o musgo previamente esterilizado e espremido nesta solução enraizadora, deixando agir por alguns minutos.
Internamento:
1. Esprema o musgo, de forma que ele fique ligeiramente úmido e coloque um punhado no fundo da garrafa transparente preparada. Não esmague ou aperte o musgo no fundo da garrafa, ele deve permanecer arejado. A água não deve empoçar no fundo da garrafa.
2. Acomode delicadamente a sua planta sobre o leito de musgo, de forma que ela fique firme e apoiada, sem ficar solta. As raízes devem encostar no musgo.
3. Feche a garrafa encaixando a parte superior e vedando bem com fita adesiva larga e transparente. A garrafa não pode ter furos, para não escapar a umidade. Não esqueça de colocar a tampa.
4. Coloque a sua orquídea em local muito bem iluminado, mas protegido e ventilado. Se ficar no calor ou sol forte vai cozinhar a sua planta. Se ficar na sombra vai criar fungos e não permitirá a fotossíntese.

Acompanhamento:
Raízes saudáveis crescendo. Foto de Camelia
Sem abrir a garrafa, observe a sua orquídea semanalmente para verificar algum progresso. Orquídeas falenópsis costumam se recuperar rápido e com cerca de 15 dias já podem estar emitindo novas raízes. Catléias por exemplo, podem demorar um pouco mais e dar sinais de melhora apenas após 60 dias.
Ao menor sinal de fungos crescendo na sua garrafa, abra imediatamente e faça todo o processo novamente com uma nova garrafa e um novo musgo esterilizado.Assim que sua orquídea apresentar raízes com pelo menos 5 centímetros ou mais, ela poderá ser replantada no substrato próprio para orquídeas e receber adubação regular.
Mas é muito importante “rustificar” a orquídea de forma gradual. O ambiente na garrafa é bem diferente se comparado ao ar livre. Há mais luz e menos umidade. Assim, adapte ela um pouco por dia a uma quantidade maior de luminosidade, ao longo de pelo menos 4 semanas, caso contrário ela poderá queimar e regredir.